Charles Singer aponta a filosofia romana do estoicismo e o apreço pela retórica, a aceitação resignada do destino regido por forças dos astros, como as razões para o desprezo dos romanos pelas questões científicas.[1]. Mary Beard destaca que nos grafiti encontrados em banheiros no “Banhos dos sete sábios” no porto de Óstia se observa inscrições como “Tales aconselha aqueles que cagavam muito a realmente se empenharem nisso” o que revela o conhecimento do povo do sábio grego “se Tales de Mileto não significasse absolutamente nada, então o conselho sobre defecação dificilmente teria alguma graça. Para fazer um comentário sarcástico contra as pretensões da vida intelectual, você precisava ter algum conhecimento a respeito dela”.[2] No texto atribuído a Higino Fabulae, CCXXI, Os Sete Homens Sábios, os sete sábios são: Pítaco de Mitilene, Periandro de Corinto, Tales de Mileto, Sólon de Atenas, Quílon de Esparta, Cleóbulo de Lindos e Bias de Priene. Plutarco em Moralia, O jantar dos sete homens sábios lista os sete sábios como Tales de Mileto, Bias de Priene, Pítaco de Mitilene, Solon de Atenas, Quílon de Esparta, Cleóbulo de Lindos e Anacarses. Platão, no diálogo intitulado Protágoras, expõe a seguinte lista: Tales, Pítacos, Bias, Solon, Cleóbulo, Mison e Quílon.[3] Um mosaico encontrado próximo a Pompeia na Torre Annuziata do século I também mostra os sete sábios, entre os quais possivelmente encontra-se Tales.[4] As histórias destes sábios compartilham certos traços comuns, apesar de suas diferentes áreas de especialização, como a escrita de poesia ou envolvendo-se em alguma atividade política e fazendo algum tipo de performance, além de serem creditados por ter alguns ou vários provérbios sábios. Eles incorporam essa combinação de experiência prática, algum tipo de sabedoria teórica, algum tipo de inteligência e a capacidade de impressionar um grande grupo de pessoas, o que revela um Panhelenismo. Diógenes Laertius diz que Thales todos os dias pronunciava uma oração, agradecendo a Deus que ele nasceu humano não um animal, homem não uma mulher, e um grego não um estrangeiro.[5]
[1] SINGER, Charles. From magic to science. New York:Dover, 1958, p.7, 82
[2] BEARD, Mary. SPQR: uma história da Roma Antiga, São Paulo:
Planeta, 2010, p. 464
[3] https://manuelcohen.photoshelter.com/image/I00005.baKT6VEvo
[4] WAERDEN, Van Der. Science Awakening, New Jersey: Springer, Dordrecht,
1975, p.78