sábado, 13 de agosto de 2022

A falsificação de dinheiro na Bahia do século XIX

 

Na Bahia entre os anos de 1823 e 1829 há a preponderância da circulação de moedas falsas de cobre que compunham a quase totalidade do meio circulante, o que foi possível graças a incapacidade do governo em reprimir a produção e em sustar sua inserção na circulação. Segundo Alexander Trettin: "Na Bahia, a partir de 1826, o governo provincial, representante do poder do Imperador, se viu forcado pelas circunstancias a dar livre curso as moedas falsas de cobre. Demonstrando claramente sua incapacidade de impor o monopólio sobre o sistema monetário e de reprimir efetivamente a produção das moedas falsas que inundavam a praça comercial da Província. Numa curiosa inversão, o Estado, ao invés de coibir a circulação de moedas falsas, passou a aceitá-las".[1] Com relação aos cadinhos com marcações maçônicas encontrados em espaço oficiais, como a Casa da Moeda, no Rio de Janeiro, a Casa dos Contos, em Minas Gerais, a Casa de Fundição do Ouro, em Goiás, não há qualquer conexão com a hipótese de um membro da maçonaria estar falsificando dinheiro para custear sublevações no Brasil. Provavelmente o fabricante que os produzia na região da Boêmia, valia-se do símbolo do quatro de cifra para marcar seus produtos, assim como tantos outros artesãos e manufaturas o faziam. José Reis se refere a Bahia como paraíso dos falsários que fabricavam moedas  a partir do cobre usado na indústria naval e nos engenhos de açúcar. O inglês William Pennel se refere a uma situação calamitosa no comércio. Em 1828 o governo promoveu, sem sucesso, a substituição das moedas, diante da desconfiança dos comerciantes. Um nova tentativa, mais bem sucedida foi implementada em 1834, porém ainda em 1836 o cônsul inglês informava que metade do cobre em circulação era falso.[2]

[1] TRETTIN, Alexander, O derrame de moedas falsas de cobre na Bahia (1823-1829) , Salvador: UFBA / FFCH-PPGH, 2010. Dissertação (mestrado) – UFBA / FFCH-PPGH, 2010

[2] REIS, João José. A morte é uma festa, São Paulo: Cia das Letras, p. 52



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