domingo, 30 de outubro de 2022

A invasão do Rio de Janeiro pelos franceses em 1711

Charles Boxer, por sua vez, destaca que o Tratado de Methuen assinado em 1703 ocorre após o fracasso das negociações com os franceses em 1701 com o rei Sol Luis XIV, e que levou, em represália ao Tratado de Methuen assinado com Inglaterra, aos ataques de corsários franceses realizados no Rio de Janeiro em 1710 por Jean François Duclerc[1] e no ano seguinte por Duguay Trouin.[2] O primeiro historiador a tratar das invasões dos corsários franceses Jean Leclerc e Duguay Trouin foi Rocha Pita. Feito prisioneiro, Duclerc foi assassinado em março de 1711, mesmo mantido sob a guarda de militares portugueses e embora tivesse se rendido através de um acordo. A morte de Leclerc levou a investida de Duguay Trouin em vingança com a cidade. Segundo Jean Marcel Carvalho França, Duguay Trouin só soube da morte de Leclerc ao chegar ao Rio de Janeiro.[3] A Fortaleza de Santiago reformada em 1696 estava em precárias condições de conservação carecendo de material bélico para proteger a cidade quando a frota de Duguat Trouin chegou em 1711. Ao todo a cidade dispunha de 174 canhões e 2800 militares dispostos na ilha de Villegagnon, no Forte São Sebastião, no reduto de São Januário, no reduto de Santa Luzia no Forte de Santiago  conhecido como da Misericórdia. Os franceses chegaram com 17 navios de guerra dotados de 740 canhões e 5800 soldados e marinheiros.[4] O governador Francisco de Castro Morais se retirou depois do desembarque dos franceses, ainda que tivesse a disposição soldados suficientes para resistir aos franceses[5], o que permitiu ao corsário saquear a cidade, depois de ter pernoitado na Fazenda dos Macacos em Vila Isabel[6] no Engenho Velho dos jesuítas[7], além de impor oneroso resgate uma vez que os reforços vindos de Minas Gerais demoraram a chegar.[8] O embaixador Paulo Carneiro descreve como insólitas as homenagens do governo francês a Duguay Trouin em 1973 aos seus trezentos anos de seu nascimento quando seus restos mortais foram levados à sua cidade natal Saint Malo carregados em um baú de jacarandá vindo do Brasil, esquecendo-se do horror do ataque ao Rio de Janeiro e o resgate no montante de 610 mil cruzados em  ouro[9] cujo valor foi conferido na rua da Quitanda esquina com a rua do Sabão[10], 100 caixas de açúcar e 200 bois acrescidos de mais de doze milhões de cruzados em roubos e saques praticados no ataque[11]. No regresso à França um dos navios Magnanime naufragou levando a bordo grande parte do resgate recebido no Rio de Janeiro. Apesar da perda os navios que conseguiram retornar ainda garantiram um bom lucro ao saque, sendo recebidos como heróis na corte francesa.[12]


[1] GOMES, Laurentino. Escravidão v. II, Rio de Janeiro:GloboLivros, 2021, p. 109

[2] BOXER, Charles. A idade de ouro do Brasil: dores de crescimento de uma sociedade colonial. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1969, p. 110,156

[3] GOMES, Laurentino. Escravidão v. II, Rio de Janeiro:GloboLivros, 2021, p. 110

[4] WINZ, Antonio Pimentel. História da Casa do Trem, Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 1962, p. 46

[5] BOXER, Charles. A idade de ouro do Brasil: dores de crescimento de uma sociedade colonial. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1969, p. 119

[6] BORGES, Delane; BORGES, Marilane. A Vila de Isabel e Drummond a Noel, Rio de Janeiro: Lions Internacional, 1987, p. 18

[7] GERSON, Brasil. História das ruas do Rio, Rio de Janeiro: Brasiliana, 1965, p. 109

[8] VIANNA, Helio. História do Brasil, primeira parte, período colonial. São Paulo: Melhoramentos, 1972, p.285

[9] PITTA, Sebastião da Rocha. História da América Portuguesa, Belo Horizonte: USP,1976, p. 256

[10] GERSON, Brasil. História das ruas do Rio, Rio de Janeiro: Brasiliana, 1965, p. 110

[11] RODRIGUES, José Honório. História da história do Brasil, São Paulo: Cia Editora Nacional, 1979, p.362

[12] BOXER, Charles. A idade de ouro do Brasil: dores de crescimento de uma sociedade colonial. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1969, p. 125



terça-feira, 25 de outubro de 2022

O tempo de Esculápio e os primeiros hospitais no Império Romano

 

Em Roma Escribônio Largo em sua Compositiones medicamentorum expõe 21 receitas médicas de origem popular ou mágica a grande maioria à base de plantas[1]. No século II o historiador Catão, contudo, expõe seu desprezo pela medicina como “inútil e perniciosa”.[2] Para Catão Roma era saudável sem doutores, mas não sem medicamentos – sine medicis sed non sine medicina[3]. Com o império romano os médicos passaram a constituir uma categoria profissional sujeita à regulação do Estado. Cícero se refere aos clínicos, oculistas e cirurgiões. Em Pompeia foi encontrada uma planta de uma casa de um médico com um ambulatório para tratamento dos doentes. Em Vindonissa foi encontrada a planta de um hospital militar[4]. Em Carnunto e em Novésio nas margens do Reno foram encontradas construções que podem ter sido hospitais do século I[5]. Na ilha Tiberina no Tibre foi construído em 291 a.c. um templo de Esculápio[6] que Suetônio se refere como refúgio de escravos doentes, que pode segundo Charles Singer ser considerado com um precursor de hospital público.[7] No tempo de Jesus havia um templo de Esculápio conhecido como Epidauro, próximo a Corinto onde os doentes poderiam receber em sonhos as indicações de medicamentos  e dietas apropriados para o tratamento de suas doenças, sendo as instruções interpretadas pelos sacerdotes do templo que na prática atuavam como médicos.[8] No século V Marcelo Empírico de Bordeus em um tratado sobre medicamentos inclui receitas muitas vezes baseadas em excrementos de animais.[9] Plínio registra conselhos cosméticos contra rugas que inclui o leite de jumenta aplicado nas bochechas sete vezes por dia. A esposa de Nero, Popeia Sabina, usava leite de jumenta no banho, motivo pelo qual sempre viajava com uma tropa de jumentas.[10]



[1] BLOCH, Raymond; COUSIN, Jean. Roma e o seu destino. Rio de Janeiro:Cosmos, 1964, p.345

[2] ABRIL Cultural, Medicina e Saúde. História da Medicina, v.I, São Paulo, 1970, p. 34

[3] SINGER, Charles. From magic to science. New York:Dover, 1958, p.17

[4] ABRIL Cultural, Medicina e Saúde. História da Medicina, v.I, São Paulo, 1970, p. 40

[5] BLOCH, Raymond; COUSIN, Jean. Roma e o seu destino. Rio de Janeiro:Cosmos, 1964, p.154

[6] LIBERATI, Anna Mari. A Roma Antiga, Folio: Barcelona, 2005, p. 100, 107

[7] SINGER, Charles. From magic to science. New York:Dover, 1958, p.30

[8] PAGOLA, José Antonio. Jesus aproximação histórica, Rio de Janeiro: Vozes, 2010, p. 197

[9] BLOCH, Raymond; COUSIN, Jean. Roma e o seu destino. Rio de Janeiro:Cosmos, 1964, p.346

[10] LIBERATI, Anna Mari. A Roma Antiga, Folio: Barcelona, 2005, p. 87



domingo, 23 de outubro de 2022

Jesuítas, ciência e evangelização

Jean Lacouture mostra que ao contrário de entender a ciência como antagonista à religião, os missionários jesuítas na Ásia usaram a ciência como instrumento de evangelização. No depoimento de Francisco Xavier em sua atividade missionária no Japão no século XVI: “Eles não sabiam que o mundo é redondo e não conheciam o curso do sol; fizeram várias perguntas sobre tais coisas e sobre outras, como cometas, relâmpagos, chuva, neve, e outras que tais. Nós as respondemos e lhes demos explicações, com o que ficaram muito contentes e satisfeitos, considerando-nos homens doutos, o que os ajudou bastante a dar crédito às nossas palavras”. 

Em 1552 o núncio católico  em carta a Companhia de Jesus a fim de orientar a escolha de padres a darem cursos na universidade do Japão recomenda : “é necessário que eles possuam um certo conhecimento para responder às numerosas perguntas feitas pelos japoneses. Seria bom que fossem bons mestres em artes e não seria mau se fossem dialéticos. Que conhecessem algumas coisas da esfera celeste pois os japoneses tem anseio extremo por conhecer os movimentos do ceu, os eclipses, do sol, as fases crescentes e minguante da lua, a neve e o granizo bem como os trovões, relâmpagos, cometas e outras coisas da natureza. É muito proveitoso explicar-lhe estas coisas para ganhar a benevolência do povo”  

Em 1585 amigos chineses do missionário Lorenzo Ricci reconheciam que “se falares a verdade a respeito da geografia, confiaremos em ti quanto ao resto”.  

Em 1627 o jesuíta Alexandre de Rhodes em atividade missionaria no Vietnã revela sua abordagem junto o soberano chua Tring Trang em Cua Bang: “eu lhe ofereci um belo livro de matemática, todo dourado, impresso em letras chinesas, isso me deu a oportunidade de fazer um discurso sobre o ceu e os astros, de onde foi fácil chegar ao Senhor do ceu. O rei ouviu-me durante duas horas, embora estivesse muito cansado da viagem e mostrou tal satisfação ao ouvir falar de nossa santa fé que me convidou a comer com ele à moda do país”. 

Na conclusão de Jean Lacouture: “se suas palavras obtém crédito é pelo caminhos muito humanos da ciência. Não é (não é apenas) por acreditar mais (ou melhor). Não é a força de seus argumentos religiosos ou metafísicos que faz com que ele se imponha, é a aliança com uma ciência que seus companheiros e ele próprio reconheceram, saudaram, valorizaram”. [1]

[1] LACOUTURE, Jean. Os jesuítas volume I, Porto Alegre: L&PM, 1994, p. 169



segunda-feira, 10 de outubro de 2022

O Asclepions e o papel dos arquivos na construção da ciência

 

Asclépio é mencionado por Homero como um grande médico, porém somente nos séculos III e IV a.c é que seu nome será objeto de culto popular.[1]  O culto de Asclépio em Epidauro data do século VI a.c.[2] Em torno dos tempos dedicados a Asclépio, os Asclepions, como os encontrados na cidade de Epidauro[3], reuniam-se diversos doentes em busca de cura, e a presença de inscrições votivas relevam que em muitos casos tinham sucesso.[4] Os doentes permaneciam a noite em um dormitório (enkoimetérion) e esperavam que o deus lhes aparecesse em sonho e lhes prescrevesse o tratamento indicado. Logo que acordavam contavam seus sonhos para que fossem interpretados pelos augures sacerdotes. Com o passar dos séculos, foi criado um arquivo confiável de sonhos terapêuticos significativos. Diz-se que o grande médico Hipócrates deve seu conhecimento em grande parte aos registros do templo de Cos, sua cidade natal. Os que eram curados tinham suas histórias registradas em estelas no santuário[5] em Epidauro, centro do culto a Asclépio.[6] Com o passar dos séculos, foi criado um arquivo confiável de sonhos terapêuticos significativos. Diz-se que o grande médico Hipócrates deve seu conhecimento em grande parte aos registros do templo de Cos, sua cidade natal.[7] Em 420 a.C., durante um intervalo de paz, Asclépios foi introduzido em Atenas, acompanhado, ou mais provavelmente representado por sua Serpente Sagrada.[8] Segundo a teoria dos humores de Hipócrates (460-370 a.c.) Sobre a natureza do homem conforme a predominância de um dos quatro humores é possível classificar o indivíduo como sanguíneo, fleugmático, colérico e melancólico.[9]



[1] LINDBERG, David C. The Beginnings of Western Science. University of Chicago Press. Edição do Kindle. 2007, p.112

[2] TATON, René. A ciência antiga e medieval, tomo I, livro 2, Sâo Paulo:Difusão Europeia, 1959, p. 76

[3] DURANDO, Furio. A Grécia antiga, Barcelona:Folio, 2005, p.180

[4] ABRIL Cultural, Medicina e Saúde. História da Medicina, v.I, São Paulo, 1970, p. 28

[5] JARDÉ, A. A Grécia antiga e a vida grega, São Paulo:Epusp, 1977, p.159

[6] LINDBERG, David C. The Beginnings of Western Science. University of Chicago Press. Edição do Kindle. 2007, p.112

[7] SELIGMAN, Kurt. The history of magic, New York, Pantheon Books, 1948, p.84

[8] DODDS, E. Os gregos e o irracional, São Paulo: Escuta, 2002, p. 194

[9] TATON, René. A ciência antiga e medieval, tomo I, livro 2, Sâo Paulo:Difusão Europeia, 1959, p. 190



O mito da salamandra

 

Da salamandra Plínio descreve que “Esse animal é tão frio que pode apagar o fogo só pelo contato, assim como o faz o gelo. Ele cospe uma matéria leitosa, e se alguma parte do corpo humano for tocado por ela, perde todos os pelos, adquirindo a aparência de lepra [...] a Salamandra é capaz de destruir nações inteiras de uma única vez, a menos que sejam tomadas as devidas precauções contra ela. Pois se esse réptil se esgueirar por uma árvore, afetará todas as frutas com seu veneno, matando quem delas comer por causa das propriedades resfriantes dele”. Agripa, baseando sua opinião em Aristóteles, Dioscórides e Plínio, o Velho, disse que o fogo abriga salamandras e grilos e que destaca as virtudes maravilhosas das salamandras existiam no Egito e na Babilônia. Um simples experimento teria provado que salamandras e grilos morrem no fogo, como qualquer outro animal, mas Agripa compartilhava com o passado uma aversão à experimentação. Que a natureza ígnea da salamandra era geralmente aceita no tempo de Agripa é ilustrado pelo fato de que seu contemporâneo, o rei Francisco I, adotou como emblema real de uma salamandra cercada de chamas.[1]



[1] SELIGMAN, Kurt. The history of magic, New York, Pantheon Books, 1948 https://archive.org/details/historyofmagiccomplete/page/n67/mode/2up



domingo, 2 de outubro de 2022

A invenção do fogo

 

Na Europa as evidências mais remotas do uso do fogo datam de 500 mil anos.[1] Em Portugal a Gruta de Aroeira[2] possui vestígios de fogueiras de 400 mil anos (a excecionalidade da descoberta feita em 2017 por João Zilhão da Universidade de Lisboa está na boa preservação dos vestígios e na associação entre o crânio, a indústria lítica típica do período em questão e a confirmação do uso controlado do fogo), na caverna Bolomor na Espanha de 350 a 100 mil anos, em Biache-Saint-Vaast na França 240 a 170 mil anos, na caverna Tabun em Israel 350 a 320 mil anos. Zane Stepka mostra evidências indiretas do uso do fogo datadas de 800 mil anos entre hominídios primitivos em Evron Quarry em Israel. As evidências mais antigas do uso do fogo foram registradas em locais como Wonderwerk Cave, Swartkrans na África do Sul, Koobi Fora e possivelmente Chesowanja no Quênia, Gesher Benot Ya’aqov em Israel e Cueva Negra na Espanha, todos na época do Homo erectus.[3]

[1] CONDEMI, Silvana; SAVATIER, François. Neandertal, nosso irmão, São Paulo: Vestígio, 2018, p. 82

[2] Gruta da Aroeira: Descobertos Primeiros Indícios do Uso de Fogo Há 400 Mil Anos, https://www.natgeo.pt/historia/2020/09/gruta-da-aroeira-descobertos-primeiros-indicios-do-uso-de-fogo-ha-400-mil-anos

[3] STEPKA, Zane; HORWITZ, Liora; NATALIO, Filipe. Hidden signatures of early fire at Evron Quarry (1.0 to 0.8 Mya), 13 junho 2022 Revista PNAS, v.119, n.5 https://doi.org/10.1073/pnas.2123439119



A influência francesa no Brasil do século XIX

 

No século XIX a influência francesa se fazia sentir na literatura com textos de Mirabeu, nos jornais A Gazeta Francesa ou no Jornal das Famílias publicado pela editora Garnier que tratava de costumes, poesia do romantismo francês. As livrarias Mongie, Laemmert e Garnier destacam o papel do livro francês no Brasil do século XIX e segundo Jean Yves Mollier refletem os grandes investimentos que tornaram a França grande exportadora de livros na produção livreira mundial.[1] Segundo Luiz Edmundo: “persistimos franceses, pelo espírito e, mais do nunca, a diminuir pelo esnobismo tudo que seja nosso. Bom só o que vem de fora, e ótimo, só o que vem da França”. A livraria Garnier era a “sublime porta” para a França.[2] Apesar do clima tropical Pedro II se vestia com roupas de lã.[3] Em 1900 Joaquim Nabuco em Minha Formação declara que “Paris foi e é a paixão cosmopolita dominante em todos nós”.[4] Em 1911 a emancipação da mulher se manifesta nos grandes centros urbanos como na mulher anônima que provoca a curiosidade e os apupos do público na avenida Central por vestir uma jupe culotte, precursora da calça comprida feminina. A dama teve se refugiar na Camisaria Americana para não ser linchada pela multidão[5] Para Tania Ferreira a fascinação pela França e o sentimento antilusitano fez com que historiadores como Nelson Werneck Sodré e Lawrence Hallewell diminuíssem a importância de livreiros como o português Francisco Alves: “a doação que deixou, por morte, à Academia Brasileira de Letras demonstrou sua preocupação com a manutenção das raízes da língua portuguesa e sua visão de futuro. Foi um grande livreiro e merece um estudo específico de sua trajetória”. Os recursos foram fundamentais para a Academia Brasileira Letras que vinha lutando para se manter, em consequência da crônica falta de recursos.[6]

[1] FERREIRA, Tânia Maria Tavares Bessone da Cruz. Livros e cidadania no Rio de Janeiro do século XIX. In: CARVALHO, José Murilo; CAMPOS, Adriana Pereira. Perspectivas da cidadania no Brasil Império, Civilização Brasileira: Rio de Janeiro, 2011, p. 313

[2] FERREIRA, Tânia Maria Tavares Bessone da Cruz. Livros e cidadania no Rio de Janeiro do século XIX. In: CARVALHO, José Murilo; CAMPOS, Adriana Pereira. Perspectivas da cidadania no Brasil Império, Civilização Brasileira: Rio de Janeiro, 2011, p. 321

[3] PRIORE, Mary del. O castelo de papel, Rio de Janeiro: Rocco, 2013, p.48

[4] CARVALHO, José Murilo. A construção nacional 1830-1889, Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, p. 153

[5] 100 anos de República, v. II , 1904-1918, São Paulo: Abril Cultural, p. 30; Folha de São Paulo, Coleção Folha fotos antigas do Brasil, v. 13 Protestos e passeatas, São Paulo: Folha de São Paulo, 2012, p. 19

[5] HALLEWELL, Laurence. O livro do Brasil, São Paulo: Edusp, 1985, p.218



sábado, 1 de outubro de 2022

As eleições no Brasil colônia

 

Martim Afonso que chegara a São Vicente próximo a Santos no litoral paulista em 22 de janeiro de 1532 e coordenou em 22 de agosto de 1532 as primeiras eleições populares do Brasil e das Américas, instalando a primeira Câmara de Vereadores no território americano, mesmo em um povoamento que segundo o cosmógrafo Alonso de Santa Cruz, que passou em São Vicente em 1530, tinha algo em torno de dez casas. Segundo narrativa de seu irmão Pero Lopes de Sousa: “A todos nos pareceu tão bem esta terra, que o capitão irmão determinou de a povoar, e deu a todos os homens terras para fazerem fazendas; e fez uma vila na ilha de São Vicente e outra nove léguas dentro pelo sertão, à borda de um rio que se chama Piratininga; e repartir a gente nestas duas vilas e fez nelas oficiais, e pôs tudo em boa ordem de justiça, de que a gente tomou muita consolação com verem povoar vilas e ter leis e sacrifícios, e ser cada um senhor do seu”.[1] Martin Afonso de Sousa  voltou  à Lisboa em meados de 1533 não retornando mais o Brasil deixando a cargo do padre Gonçalo Monteiro o governo da vila de São Vicente e nomeando João Ramalho como capitão mor “da borda e dalém campo”.[2] As eleições eram reguladas pelas Ordenações Manuelinas de 1521, no entanto José Murilo de Carvalho aponta que há registro de queixas  sore eleição de pessoas não qualificadas e pedidos de que somente “homens bons” pudessem votar, no entanto, não há registro do número de pessoas que efetivamente votavam nestas eleições do século XVI.[3]



[1] VIANNA, Helio. História do Brasil, primeira parte, período colonial. São Paulo: Melhoramentos, 1972, p.60

[2] VIANNA, Helio. História do Brasil, primeira parte, período colonial. São Paulo: Melhoramentos, 1972, p.61

[3] CARVALHO, José Murilo. A involução da participação eleitoral no Brasil, 1821-1930. In:  CARVALHO, José Murilo; CAMPOS, Adriana Pereira. Perspectivas da cidadania no Brasil Império, Civilização Brasileira: Rio de Janeiro, 2011, p. 40



Doação de Constantino

  Marc Bloch observa a ocorrência de falsificações piedosas tais como a pseudo doação de Constantino ( Constitutum Donatio Constantini ) ao ...