domingo, 2 de outubro de 2022

A influência francesa no Brasil do século XIX

 

No século XIX a influência francesa se fazia sentir na literatura com textos de Mirabeu, nos jornais A Gazeta Francesa ou no Jornal das Famílias publicado pela editora Garnier que tratava de costumes, poesia do romantismo francês. As livrarias Mongie, Laemmert e Garnier destacam o papel do livro francês no Brasil do século XIX e segundo Jean Yves Mollier refletem os grandes investimentos que tornaram a França grande exportadora de livros na produção livreira mundial.[1] Segundo Luiz Edmundo: “persistimos franceses, pelo espírito e, mais do nunca, a diminuir pelo esnobismo tudo que seja nosso. Bom só o que vem de fora, e ótimo, só o que vem da França”. A livraria Garnier era a “sublime porta” para a França.[2] Apesar do clima tropical Pedro II se vestia com roupas de lã.[3] Em 1900 Joaquim Nabuco em Minha Formação declara que “Paris foi e é a paixão cosmopolita dominante em todos nós”.[4] Em 1911 a emancipação da mulher se manifesta nos grandes centros urbanos como na mulher anônima que provoca a curiosidade e os apupos do público na avenida Central por vestir uma jupe culotte, precursora da calça comprida feminina. A dama teve se refugiar na Camisaria Americana para não ser linchada pela multidão[5] Para Tania Ferreira a fascinação pela França e o sentimento antilusitano fez com que historiadores como Nelson Werneck Sodré e Lawrence Hallewell diminuíssem a importância de livreiros como o português Francisco Alves: “a doação que deixou, por morte, à Academia Brasileira de Letras demonstrou sua preocupação com a manutenção das raízes da língua portuguesa e sua visão de futuro. Foi um grande livreiro e merece um estudo específico de sua trajetória”. Os recursos foram fundamentais para a Academia Brasileira Letras que vinha lutando para se manter, em consequência da crônica falta de recursos.[6]

[1] FERREIRA, Tânia Maria Tavares Bessone da Cruz. Livros e cidadania no Rio de Janeiro do século XIX. In: CARVALHO, José Murilo; CAMPOS, Adriana Pereira. Perspectivas da cidadania no Brasil Império, Civilização Brasileira: Rio de Janeiro, 2011, p. 313

[2] FERREIRA, Tânia Maria Tavares Bessone da Cruz. Livros e cidadania no Rio de Janeiro do século XIX. In: CARVALHO, José Murilo; CAMPOS, Adriana Pereira. Perspectivas da cidadania no Brasil Império, Civilização Brasileira: Rio de Janeiro, 2011, p. 321

[3] PRIORE, Mary del. O castelo de papel, Rio de Janeiro: Rocco, 2013, p.48

[4] CARVALHO, José Murilo. A construção nacional 1830-1889, Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, p. 153

[5] 100 anos de República, v. II , 1904-1918, São Paulo: Abril Cultural, p. 30; Folha de São Paulo, Coleção Folha fotos antigas do Brasil, v. 13 Protestos e passeatas, São Paulo: Folha de São Paulo, 2012, p. 19

[5] HALLEWELL, Laurence. O livro do Brasil, São Paulo: Edusp, 1985, p.218



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