terça-feira, 30 de junho de 2020

Vaso celta de Vix

Na cidade celta de Heuneburg no vale do Danúbio foram encontrados um bairro operário com vestígios de fornos, cadinhos e detritos de fundição que deixam supor tratar-se de oficinas de metalurgia datados do século VII a.c. com os quais eram fabricados joias e ornamentos.[1]Os celtas foram atraídos para a metalurgia do ferro devido a escassez de estanhos em suas terras. Grahame Clark observa, contudo, embora tivessem adotado o ferro para certas aplicações o povo de Hallstatt utilizava o bronze para diversos fins como vasilhas, elmos e escudos[2]. No vilarejo celta de Hallstatt foi encontrado um cemitério com túmulos que exibiam espadas e punhos decorados de ferro, o que evidencia a existência da mais antiga cultura da idade do ferro na Europa Central[3]. Esta civilização de Hallstatt que enriqueceu com o comércio de sal, data de 2500 a 3000 anos. [4] O uso de ferro em Hallstatt data de 650 a.c.[5]Paul Herrmann a ela se refere como “a Paris de épocas pré históricas”.[6]O desenvolvimento da metalurgia celta permitiu o aperfeiçoamento da tecnologia de rodas de aros pregados em Hallstatt e aros apertados em La Tène a partir do século V a.c.[7]. Elizabeth Barber mostra que tecidos encontrados em Hami na China são muito semelhantes aos encontrados em Hallstat.[8]Por volta de 500 a.c outra civilização do ferro surgiu La Tène uma estação Suíça situada próxima ao lago Neuchatel. [9]Na segunda idade do ferro por volta de 450 a.c. os guerreiros saquearam Roma e o Norte da Grécia.[10]Jarros celtas de bronze de Basse Yutz foram encontrados em Moselle no nordeste da França datados de 450 a.c [11]demonstrando o domínio de complexas tecnologias de manipulação de metais.
Vaso de Vix
O vaso de Vix atualmente no Musée du Châtillonnais em Châtillon-sur-Seine foi fabricado possivelmente na Grécia ou Etrúria e trazido para o França pelo porto de Marselha.[12]O vaso de quase dois metros de altura feito em bronze martelado foi encontrado em 1953 em Chatillon sur Seine entre outros objetos do tesouro no túmulo de uma princesa celta datado de 525 a.c. A tumba pertencia ao oppidum de Mont Lassois, que mais tarde foi abandonado em favor da cidade galo-romana de Vertillum, localizada nas proximidades.[13]Nos séculos VI e V a.C. era um centro da cultura de Hallstatt, dominado por uma classe principesca na qual figuras femininas parecem ter uma importância particular.
[1] KIMMIG, Wolfgang. Heuneburg. Readers's Digest. As grandes civilizações desaparecidas, Lisboa:1981, p.137
[2] CLARK, Grahame. A pré história, Rio de Janeiro:Zahar, 1975, p. 170
[3] WENDT, Herbert. Tudo começou em Babel, São Paulo:Difusão, 1962, p. 135
[4] WENDT, Herbert. A procura de Adão. São Paulo:Melhoramentos, 1965, p. 405
[5] SHAPIRO, Harry. Homem, cultura e sociedade, Lisboa: Fundo de Cultura, 1972, p. 172
[6] HERRMANN, Paul. As primeiras conquistas. São Paulo:Boa Leitura Editora, 3ª edição, p. 28
[7] PIGGOTT, Stuart. A Europa antiga, Lisboa:Fund. Calouste Gulbenkian, 1965, p. 316
[8] MILLER, Russel. A verdade por trás da história: as novas revelações que estão mudando nossa visão do passado. Rio de Janeiro:Reader’s Digest, 2006, p.58
[9] READERS'S DIGEST. Da idade do ferro à idade das trevas: de 1200 a.c. a 1000 d.c, Rio de Janeiro, 2010, p.23; AYMARD, André; AUBOYER, Jeannine, Roma e seu império, História Geral das Civilizações, São Paulo:1974, p. 61
[10] CHILDE, Gordon. O que aconteceu na história, Rio de Janeiro:Zahar, 1977, p.138210
[11] MacGREGOR, Neil. A história do mundo em 100 objetos, Rio de Janeiro:Intrínseca, 2013, p.213
[12]DEZ, G.; WEILER, A. Curso de história Jules Isaac. São Paulo:Martins Fontes, 1964, p. 146

Mercúrio na alquimia

Segundo Colbus Fribergius citado por Agrícola no seu livo De re metallica do século XVI havia uma crença muito difundida na idade média de que os minerais são produzidos pela união de dois princípios o enxofre (princípio fixo, semente masculina) e o mercúrio (princípio volátil, semente feminina). Na alquimia em oposição aos planetas masculinos Sol, Marte, Júpiter e Urano e aos planetas femininos Vênus, Saturno e Netuno, o Mercúrio era interpretado como hermafrodita e, portanto, desempenha um importante papel mediador dos contrários em todas as práticas alquímicas.[1] O mercúrio aparece em muitos tratados alquímicos associado ao cisne como símbolo da mediação entre a água e o fogo.[2] Segundo Jung o significado da palavra “mercurius” não designa apenas o elemento químico, o planeta Mercúrio ou o Deus Hermes, mas também a “secreta substância transformadora que é ao mesmo tempo o espírito inerente a todas as criaturas vivas”[3]. A prata cresce sobre a influência da Lua[4], o ouro do Sol, o cobre pela influência de Vênus, ferro por Marte, mercúrio por Mercúrio, Jupiter o estanho, e o chumbo por Saturno, sendo esta associação das influências dos astros proveniente de doutrinas astrológicas da Babilônia. [5] A tradição hermética do século XVI associa os planetas aos órgãos do corpo humano Saturno (baço), Júpiter (fígado), Marte (estômago), Sol (coração), Vênus (rins), Mercúrio (pulmões) e Lua (cérebro). Oger Férier no mesmo século XVI por sua vez se refere ao estômago como sob influência de saturno enquanto os rins de Marte e Vênus, os pulmões de Júpiter enquanto que Mercúrio teria influência sobre as mãos e os pés [6]. A alquimia caberia apenas acelerar um processo natural de transmutação, de modo que os metais se deixados nas minas invariavelmente se converteriam em ouro ao longo de milênios. No Summa Perfectionisum tratado de alquimia do século XIV por muito tempo atribuído incorretamente a Geber “o que a natureza não é capaz de aperfeiçoar num largo espaço de tempo, podemos, com a nossa arte, levar a termo em pouco tempo”. [7]
[1] LEXIKON, Herder. Dicionário de símbolos, São Paulo:Cultrix, 1990, p. 138
[2] LEXIKON, Herder. Dicionário de símbolos, São Paulo:Cultrix, 1990, p. 60
[3] JUNG, Carl. Psicologia e alquimia, v.12. Petropolis:Vozes, 1992, p. 38
[4] FAGAN, Brian. Los setenta grandes inventos y descobrimentos del mundo antiguo, Barcelona:Blume, 2005, p. 280; BELL, Madison Smartt. Lavoisier no ano um. São Paulo: Cia das Letras, 2007, p. 46; WEST, John Anthony. Em defesa da astrologia, São Paulo:Siciliano, 1992, p. 86
[5] ELIADE, Mircea. Ferreiros e alquimistas. Rio de Janeiro:Zahar, 1979, p.40; PAPUS, Tratado elementar de magia prática, São Paulo:Pensamento, 1978, p. 232
[6] PAPUS, Tratado elementar de magia prática, São Paulo:Pensamento, 1978, p. 248
[7] ELIADE, Mircea. Ferreiros e alquimistas. Rio de Janeiro:Zahar, 1979, p.42

Leonardo da Vinci

Mariano di Jacopo, Il Taccola, de Siena deixou um a descrição detalhada de seus projetos de pontes e sistemas hidráulicos em três volumes.[1] A turbina hidráulica atribuída Leonardo da Vinci é encontrada no Tratado de Arquitetura Civil e Militar de Francesco Martini. [2] As eclusas de comportas móveis de Leonardo já eram encontradas nos trabalhos de Alberti. Em uma carta escrita para o duque Ludovico de Sforza Leonardo da Vinci lista seus trabalhos em engenharia na esperança de ser contratado como engenheiro militar[3]. Leonardo da Vinci, contudo, não solicitou nenhuma patente de suas invenções.[4] Tampouco Leonardo publicava seus trabalhos, a exceção de um tratado de pintura de 1651 os demais trabalhos permaneceram como anotações pessoais até que finalmente publicados em 1880.[5]Leonardo, contudo, era um conhecido escritor especular, e em suas anotações pessoais combinava o uso de siglas e abreviaturas para tornar mais difícil a leitura por outras pessoas, como nas notas no célebre Homem de Vitrúvio.[6] George Sarton acredita que o uso da escrita especular se deva ao fato de possivelmente ser canhoto e pode perceber as vantagens de se escrever de modo invertido.[7] Segundo Jean Delumeau: “A grandeza de Leonardo como técnico reside menos nas suas invenções que na sua curiosidade espiritual e no seu método [...] São evidentes as limitações e Leonardo como engenheiro. Falta-lhe uma linguagem adequada – uma das grandes insuficiências do Renascimento – e faltam-lhe instrumentos de medida. Mas com ele a técnica deixa de ser assunto de artesãos e ultrapassa o empirismo. Leonardo tem um método: primeiro observa, conservando apenas os elementos essenciais, e, chega por fim, a uma proposição de caráter geral. Assim se guinda acima dos outros engenheiros do seu tempo, pois sente a necessidade de racionalizar, de chegar da teoria à abstração”. [8]
[1] MATTHEW, Donald. A Europa Medieval, v.II. Lisboa :Ed. del Prado, 1996, p.145
[2] DELUMEAU, Jean. A civilização do Renascimento, Lisboa:Estampa, 1984, v.I, p.156
[3] CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books, 1963, p. 397
[4] BONILLA, Luis. Breve historia de la técnica y del trabajo, Madrid:Ed. Istmo,1975, p.181
[5] CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books, 1963, p. 403
[7] SARTON, George. Six wings, men of science in the Renaissance, Bloomington: Indiana University Press, 1957, p. 221
[8] DELUMEAU, Jean. A civilização do Renascimento, Lisboa:Estampa, 1984, v.I, p.161

Paracelso charlatão

Para Paracelso os alquimistas deveriam voltar sua atenção para procura de substâncias úteis à cura de enfermidades, particularmente ao administrar doses mínimas da mesma substância que supostamente invadira o corpo do doente e provocara o desequilíbrio, ou seja, a doença.[1] Embora rejeitando nominalmente a doutrina dos quatro elementos fundamentais dos escolásticos, Paracelso preserva quatro princípios que se ajustam as antigas qualidades elementares dos escolásticos, como uma fórmula de compromisso com a doutrina anterior[2]. Com a colocação dos livros de Paracelso no Index de livros proibidos, a Inquisição portuguesa perseguiu os remédios alquímicos. [3]Na Espanha o inquisidor Gaspar de Quiroga inclui na lista de livros proibidos o Chirurgia Minor de Paracelso pubicado na Basileia em 1570 e Chirugia Magnapublicado em Estrasburgo em 1573 bem como as obras do alquimista Michael Toxiteseditor de muitas das obras de Paracelso.[4] Jules Andrieu em Paracelsus and his Influence, escreve: “Louco, charlatão, impostor – junto aos historiadores, nenhum adjetivo é ruim o suficiente para ele; e ainda assim eles são forçados a admitir que este aventureiro impudente desencadeou uma revolução necessária”. Para George Sarton, Paracelso foi tanto um gênio comoum charlatão: “ele era um indivíduo extraordinário, cheio de ambiguidades e contradições, um experimentalista negligente, suas visões mais conhecidas eram uma mistura de metafísica e ideias mágicas, suas curas racionais nem sempre podiam ser seperadas de curas milagrosas. Ele era original ao ponto da extravagância, indiscreto e bombástico, generoso e tolo, um tipo de médico cigano, inquieto e dogmático, um homem de gênio e charlatão”.[5]
[1] BRAGA, Marco; GUERRA, Andreia; REIS, Jose Claudio. Breve historia da ciência moderna, v.II, Rio de Janeiro:Zahar, 2011, p. 51
[2] TATON, René. A ciência moderna: o Renascimento, tomo II, v.I, São Paulo:Difusão, 1960, p. 140
[3] EDLER, Flavio Coelho. Boticas & Pharmacias: uma história ilustrada da farmácia no Brasil, Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2006, p. 41
[4] COSTA, Marcos. O livro obscuro do descobrimento do Brasil, Rio de Janeiro:Leya, 2019, p. 255
[5] SARTON, George. Six wings, men of science in the Renaissance, Bloomington: Indiana University Press, 1957, p. 179, 186

Metais vivos

No século XVI Georgius Agricola (George Bauer) ao comentar sobre os inúmeros textos de alquimia que alegam o conhecimento da conversão de um metal em outro comenta que “ninguém em tal arte enriqueceu, nem enriquece no dia de hoje, apesar de que em qualquer llugar do mundo se encontrem muitos deles que – todos, eu digo, todos – de dia e de noite, com as mãos e com os pés, pretendem poder fazer montanhas de ouro e prata [..] eles teriam as cidades e os castelos cheios de ouro e prata”.[1] Agricola critica a “asneira e a estupidez” dos alquimistas em terminologia obscura e na tentativa de despertar o assombro e buscar a glória pessoal. Sobre os enigmáticos textos alquimistas Agricola conclui que “todos são difíceis de seguir, porque os autores que abordam essas coisas utilizam nomes estranhos, que não pertencem propriamente aos metais, e porque alguns empregam ora um nome, ora outro, inventados por eles, embora a coisa em si não mude”.[2] Agricola, contudo, admite a existência de espíritos ígneos presentes nas minas e que teriam matado dez trabalhadores nas minas de prata de Annaberg. A crença no daemon metallicus, ou gnomos das minas também conhecidos com Kobolts e Nickels e que dá nome a novos metais como o cobalto e níquel respectivamente. O capitulo XXVII do livro Dos monstros de Ambroise Parré é dedicado aos demônios que habitam as pedreiras.[3] Geronimo Cardano e Bernard Palissy em 1580 falam da existência de sementes de metais e sua propagação. [4]
[1] ROSSI, Paolo. Francis Bacon: da magia à ciência. Curitiba:Ed. UFPR, 2006, p.90; ROSSI, Paolo. Os filósofos e as máquinas. São Paulo:Cia das Letras, 1989, p. 54; FANNING, Philip. Isaac Newton e a transmutação da alquimia, Santa Catarina:Danúbio, 2016, p. 39
[2] BELL, Madison Smartt. Lavoisier no ano um. São Paulo: Cia das Letras, 2007, p. 45
[3] TATON, René. A ciência moderna: o Renascimento, tomo II, v.I, São Paulo:Difusão, 1960, p. 114
[4]SARTON, George. Six wings, men of science in the Renaissance, Bloomington: Indiana University Press, 1957, p. 156

Thomas Moro

Morus relata que com a descoberta da America e do Novo Mundo, o aspecto psicológico do homem do Renascimento trouxe uma nova dimensão as superstições do passado: “No todo o Renascimento não foi uma era racionalista. Homens como Leonardo da Vinci e Pomponazzi, o filósofo, foram exceções a regra. Por outro lado, os homens do Renascimento não foram realmente místicos que se perdiam em maio ao sobrenatural. Ao invés disso eram surrealistas, que projetavam a tradição antiga e os produtos de sua própria imaginação na realidade e fazendo assim aumentavam seu campo de visão sem jamais abandonar o plano do real. Os fabulosos animais da antiguidade agora assumem uma realidade que nunca tiveram na idade média. Todas as formas são admitidas na zoologia, onde foram contabilizadas como reais com qualquer outro animal que tenha sido visto de fato. O basilisco, o fênix egípcio, o grifon, a salamandra, surgiram na Renascença.As três sereias mencionadas pr Colombo também caem nessa categoria surrealista, ao invés da classe de uma superstição primitiva exemplicada como homens marinhos.Colombo assegura que viu alguns saltando do mar diante de seus próprios olhos”. [1]
[1] SARTON, George. Six wings, men of science in the Renaissance, Bloomington: Indiana University Press, 1957, p. 156

sábado, 27 de junho de 2020

Casa dos Vinte e Quatro

Em sua História de Portugal Oliveira Marques aponta que os artesãos lusitanos somente formaram confrarias religiosas pois não existia transformação de matéria prima em Portugal.[1]A Casa dos Vinte e Quatro foi criada em 16 de dezembro de 1383, por D. João, Mestre de Avis (futuro D. João I) com o objetivo de permitir que os mesteirais participassem no governo da cidade.[2] A primeira regulamentação dos ofícios em Portugal data de 1489, numa época em que as guildas europeias já estavam em declínio, o que se explica segundo Marcelo Caetano diante do incipiente desenvolvimento da indústria em Portugal.[3] A estruturação jurídica de tais corporações de ofícios de Lisboa ocorre com o “Regimento de todos os ofícios mecânicos da mui nobre e sempre leal cidade de Lisboa” de 1572 com uma divisão em 24 núcleos de acordo com o ofício que desempenhavam em sua cidade e que deu origem a “Casa dos vinte e quatro” criada por D. João I. Tais corporações não deixaram registros escritos de suas técnicas que eram mantidos em segredo.[4] Charles Boxer destaca que “os principais oficiais e artesãos elegiam anualmente dentre os membros de sua corporação doze representantes (conhecidos como os Doze do Povo), no caso da maioria das cidades, e 24, no caso de Lisboa e de algumas outras, onde formavam a casa dos vinte e quatro”. Os artesãos da coroa portuguesa e suas possessões eram submetidos a rigoroso exame prescrito pelo Regimento dos Ofícios Mecânicos compilado por Duarte Nunes Leão de 1572. A mais antiga referência de organização similar dos ofícios no Brasil colônia é de 1641, com a eleição de doze mestres na Câmara Municipal de Salvador. Lourival Gomes aponta que esta regulação na prática era ineficaz na colônia brasileira[5]. Manoel Albuquerque observe que embora a colônia organizasse os ofícios aos moldes da corporação de ofício da Casa dos vinte e quatro de Lisboa, elas não ocupavam a mesma importância política. Apesar disso nas representações municipais do Brasil houve eleições de mecânicos ou mestres e quase sempre tais corporações estavam articuladas com alguma irmandade religiosa.[6] Vieira Fazenda mostra que na colônia os artesãos não tinham assento nas câmaras municipais. Mônica Martins, contudo, destaca que a extinção da Casa de Salvador em 1713 pode ser uma prova da participação dos mestres artesãos nos assuntos da Câmara.[7] Caio Prado Júnior observa que são frequentes as referências às corporações de ofícios pelo Senado da Câmara como, por exemplo, no Registro e Atas da Câmara de São Paulo de 1800.[8]
[1] NUNES, Ruy Afonso da Costa. História da educação na idade média, Campinas:Kirion, 2018, p.202
[3] CUNHA, Luiz Antonio. Aspectos sociais da aprendizagem de ofícios manufatureiros no Brasil colônia. Forum:Rio de Janeiro, v.2, out/dez 1978, p.46
[4] MARTINS, Mônica de Souza Nunes. A Arte das corporações de ofícios: as irmandades e o trabalho no Rio de Janeiro colonial. CLIO. SÉRIE HISTÓRIA DO NORDESTE (UFPE), v. 30, p. 4, 2012.
[5] MOTOYAMA, Shozo. Prelúdio para uma história: ciência e tecnologia no Brasil, São Paulo:Edusp2004, p. 90
[6]ALBUQUERQUE, Manoel Maurício. Pequena história da formação social brasileira, Rio de Janeiro: Graal, 1981, p. 112
[7] MARTINS, Mônica de Souza Nunes. A Arte das corporações de ofícios: as irmandades e o trabalho no RIo de Janeiro colonial. CLIO. SÉRIE HISTÓRIA DO NORDESTE (UFPE), v. 30, p. 4, 2012
[8] JÚNIOR, Caio Prado. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo:Brasiliense, 1986, p.221

Avila e Guedes de Brito

Segundo Jorge Caldeira sobre o período colonial: “parte do crescimento da economia brasileira pode ser explicado pela aplicação interna de recursos que antes seguiam para a metrópole como imposto”.[1] Em História da Riqueza no Brasil Jorge Caldeira é ainda mais assertivo: “os números que os econometristas foram encontrando apontam na direção oposta à documentação tradicional. Atualmente e consenso que a economia colonial era, no final do século XVIII, muito maior que aquela da metrópole”.[2] Garcia d’Avila (1529-1609), por exemplo, o homem mais rico de Salvador no século XVI, grande latifundiário, acumulou sua riqueza com vendas de farinha, algodão e comércio de índios.[3] Jorge Caldeira o cita como exemplo de empreendedor típico da época, contudo, não leva em conta o fato dele ser provavelmente filho bastardo[4] de Tomé de Souza, primeiro Governador Geral do Brasil. No livro O Feudo Luiz Alberto Muniz argumenta que a Casa da Torre como era conhecida a casa dos Garcia D’Avila tornou-se a expressão do latifúndio e do poder político, econômico e militar da região tendo poderes de Estado e grande responsável pelo desbravamento do interior nordestino através da pecuária. Os Ávila, senhores da Casa da Torre em Tatuapava na Bahia dominanavam a margem esquerda do rio Sâo Francisco ao passo que os herdeiros de Antonio Guedes de Brito (1627-1692), senhores da Casa da Ponte dominavam a ribeira oposta até o rio das Velhas[5].
[1] CALDEIRA, Jorge. A nação mercantilista, São Paulo:Ed. 34, 1999, p. 264
[2] CALDEIRA, Jorge. História da Riqueza no Brasil, Rio de Janeiro:Estação Brasil, 2017, p.12
[3] CALDEIRA, Jorge. História da Riqueza no Brasil, Rio de Janeiro:Estação Brasil, 2017, p.78
[4] GOMES, Laurentino. Escravidão, v.I, São Paulo: Globo, 2019. p.125
[5]ALBUQUERQUE, Manoel Maurício. Pequena história da formação social brasileira, Rio de Janeiro: Graal, 1981, p. 108

Autômatos de al Jazari

Um tratado de Abu al Jazari de 1206 sobre aparelhos mecânicos mostra relógios movidos a água com alavancas e mecanismos aperfeiçoamentos dos usados por Heron de Alexandria.[1] O tratado descreve relógios de água e sofisticados autômatos musicais entre os quais um tambor composto por quetro figuras em um barco.[2]Entre suas invenções está a cambota um mecanismo que converte o movimento linear de um pistão em um movimento circular.[3]Al-Jazari projeta diversos autômatos para coletar e transportar água. Do alto do domo do palácio em Bagdá um autômato na forma de cavaleiro armado apontava sua lança para qualquer direção de onde viesse um perigo militar[4]. O seu Livro dos conhecimentos de aparelhos mecânicos engenhosos contém mais de 50 invenções mecânicas com desenhos detalhados como bombas de sucção. O tratado de Jazari contém as descrições de nove relógios d’água. De acordo com Charles B. Fowler, Jazari projetou autómatos de uma espécie de banda musical que demonstrava mais de cinquenta movimentos de corpo e de face diferentes durante cada seleção musical. Sua "fonte de pavão" era outro dispositivo sofisticado de lavagem das mãos. Mark E. Rosheim descreve o mecanismo: "Puxar um alavanca na cauda do pavão libera água do bico; quando a água suja da bacia enche a base oca, um flutuador sobe e aciona um elo que faz com que uma figura apareça por trás uma porta embaixo do pavão e oferece sabão. Quando mais água é usada, um segundo flutuador em um nível mais alto tropeça e causa a aparência de uma segunda figura com uma toalha! "[5]
[1] RONAN, Colin. História Ilustrada da Ciência: Oriente, Roma e Idade Média. v.2, São Paulo:Jorge Zahar, 2001, p.119
[2] LYONS, Jonathan. A casa da sabedoria, Rio de Janeiro: Zahar, 2011, p.117
[3] MAHAJAN, Shobhit. História das invenções, Berlim:Verlag, 2008, p. 29
[4] CLARK, Peter. A evolução das cidades, História em Revista, Rio de Janeiro:Time Life, 1993, p.71

Agricola e a divulgação científica

O médico e especialista em metalurgia Georg Bauer conhecido por Agricola publicou De re metallica na Basileia em 1556 um manual prático sobre exploração das minas cobrindo os diferentes aspectos químicos do tratamento de minérios[1]. Muitas das técnicas expostas por Agricola haviam sido adquiridas a partir do conhecimento oral dos mineiros de Joachimsthal onde ele era médico[2]. O próprio Agricola não era mineiro nem tampouco ferreiro, mas um médico, mas seu tratado tornou-se uma referência pelos dois séculos seguintes[3]. No prefácio Agricola explica seu zelo escrupuloso em descrever cuidadosamente as técnicas, instrumentos e maquinaria expostos para que não deixasse qualquer dúvida “para as pessoas de hoje ou dos tempos futuros”.[4]Sua fidelidade com a experiência busca afastar todo o conhecimento baseado em especulações comuns em texto medievais: “Eu não escrevi coisa alguma que não tenha visto ou lido ou com cuidadossíma diligência examinado quando contada a mim por alguém mais”.[5]Ao responder a crítica dos que acusavam tais técnicas como vis por serem praticadas por escravos Agricola responde:“certamente, se a arte dos metais por esta razão é vergonhosa e desonesta para um homem nobre pelo fato de já os servos terem cavado metais, sequer a agricultura será honesta”.[6]Paolo Rossi compara a postura de Agricola na mineração em De re metallica à de De fabrica de Vessalio na anatomia: “em ambos os autores, encontramos a convicção de que a situação de um determinado campo do saber exige, para ser aperfeiçoada e modificada, uma vasta obra de observação e descrição dos dados de fato. Tal descrição deve ser sistemática, analítica, meticulosa. Ela requer técnicas ilustrativas especiais, cujo objetivo fundamental é traduzir os resultados de observação em imagens gráficas o mais claras e compreensíveis possível”.[7]
[1] SINGER, Charles; HOLMYARD, E. A history of technology, v.II, Oxford, 1956, p.13; ROSSI, Paolo. Os filósofos e as máquinas. São Paulo:Cia das Letras, 1989, p. 50; TATON, René. A ciência moderna: o Renascimento, tomo II, v.I, São Paulo:Difusão, 1960, p. 112
[2] BURKE, Peter. Uma história social do conhecimento, Rio de Janeiro:Zahar, 2003, p.23
[3] SARTON, George. Six wings, men of science in the Renaissance, Bloomington: Indiana University Press, 1957, p. 125
[4] ROSSI, Paolo. Francis Bacon: da magia à ciência. Curitiba:Ed. UFPR, 2006, p.87; ROSSI, Paolo. Os filósofos e as máquinas. São Paulo:Cia das Letras, 1989, p. 51
[5] ROSSI, Paolo. Francis Bacon: da magia à ciência. Curitiba:Ed. UFPR, 2006, p.89
[6] ROSSI, Paolo. Francis Bacon: da magia à ciência. Curitiba:Ed. UFPR, 2006, p.92
[7] ROSSI, Paolo. Os filósofos e as máquinas. São Paulo:Cia das Letras, 1989, p. 52

Robert Boyle

Mesmo entre os próprios alquimistas as controvérsias se tornavam públicas. Jean Riolan envolveu-se em controvérsias com Josephus Michelius de Luca e Nicolas Guibert autor de um tratado contra a alquimia de1603 Alchymia ratione et experientia ita demum viriliter impugnata et expugnata. Libânio em seu livro Alchemia de 1597 tentara em vão estabelecer alguma ordem em meio ao caos de doutrinas alquímicas divergentes.[1]Robert Boyle em The sceptical chymistde 1661 ridiculariza a doutrina já desgastada dos quatro elementos e das qualidades ocultas preconizada pelos alquimistas e por Aristóteles[2], insistindo que o termo “elemento” fosse reservado às substâncias irredutíveis e se fizesse uma distinção bem nítida entre “elementos” e “compostos”.[3]Apesar desta crítica o personagem do livro Temístio, representante do aristotelismo descreve as ideias de Aristóteles formando um todo consistente a abrangente onde “cada uma das pedras está suficientemente amarrada pela soidez e inteireza de toda a estrutura de que faz parte”. [4]Robert Boyle opõem-se aos antigos conceitos escolásticos e de Paracelso aproximando-se mais das ideias de van Helmont do que das de Lavoisier[5]. A proposta de Boyle, contudo, não teve rápida adesão, pois substituía uma elegante doutrina por uma multiplicidade de elementos sem ter claro os meios de investigação analítica. A teoria seria reanimada apenas um século depois com Lavoisier.[6]Para Robert Boyle, hábil experimentador em química[7], princípios incomensuráveis da alquimia como “enxofre”, “mercúrio” e “sal” de Paracelso são subjetivos e não se prestam a análise química dos compostos pois não são homogêneos para que posam ser considerados unidades fundamentais da matéria. Na obra anterior Certain Phyiological Essays do mesmo ano de 1661, Boyle já deixava claro seu apoio a teoria da matéria como partículas que então estava substituindo a visão aristotélica da função conjunta da matéria e da forma, presente em expressões como “forma de calor”, “virtude dormitiva do ópio”. Segundo Ana Goldfardb: “será, principalmente, a partir do trabalho de Sir Robert Boyle que a química iniciará seu complexo, processo de incorporação como teoria científica independente junto à nova filosofia natural, pois com ele o elán hermético que envolvia o estudo da micro matéria começa a ser rompido”. [8]
[1] SARTON, George. Six wings, men of science in the Renaissance, Bloomington: Indiana University Press, 1957, p. 115
[2] MLODINOW, Leonard. De primatas a astronautas, Rio de Janeiro: Zahar, 2015, p.195
[3] SEDGWICK, W.; TYLER, H; BIGELOW, R. História da ciência: desde a remota antiguidade até o alvorescer do século XX, Rio de Janeiro:Ed. Globo, 1952, p.264; RONAN, Colin. História Ilustrada da Ciência: Da Renascença à Revolução Científica. v.3, São Paulo:Jorge Zahar, 2001, p.121
[4] LLOYD, G. Ciência e matemática. In: FINLEY, Moses. O legado da Grécia. Brasília: UNB, 1998, p. 322
[5] TATON, René. A ciência moderna: o século XVII, tomo II, v.2, São Paulo:Difusão, 1960, p.163
[6] SINGER, Charles; HOLMYARD, E. A history of technology, v.IV, Oxford, 1958, p.215
[7] GILLISPIE, Charles. Dicionário de biografias científicas, Rio de Janeiro:Contraponto, 2007, p. 335
[8] GOLDFARB, Da alquimia à química, Sâo Paulo:Edusp, 1987, p.182

Basílio Valentino

A cura de uma infecção na perna do humanista protestante Joahann Frobenius rendeu a Paracelso uma enorme popularidade.[1]Precursor da iatroquímica Paracelso uniu a alquimia com a medicina contribuindo para o conhecimento de compostos a base de arsênico, antimônio e diversos ácidos minerais e o álcool.[2] Arnald de Villanova havia obtido o álcool no século XIV o qual denominou de spiritus vini (em inglês spirits é um nome genérico para destilados), a qual Paracelso passou a denominas de alcohol seguindo a origem árabe al kuhl , referente a um pó metálico obtido por sublimação usado para colorir as pálpebras[3]. O alquimista e monge beneditino Basílio Valentino foi autor do tratado “Carro triunfal do antimônio” de 1492 muito citado pelos seus sucessores, em que revela processo para fabricação do antimônio[4]. A origem do nome antimônio está relacionada com anti-monakho, anti-monges como consequência do fato de que muitos monges morreram ao usarem o animônia em sus preparações para ganhar peso após perceberem que os porcos haviam engordado após ingestão acidental do metal.[5] Basílio, ao observar os fenômenos de combustão e fermentação observou presença de um fluido elástico que denominou “espírito silvestre”, que seria designado por gás por van Helmont.[6] Joahann Tholde publicou de 1599 a 1624 uma série de livros atribuídos a Basílio Valentino, entre os quais Currus Triumphalis Antimonii (A carruagem triunfal do antimônio) e Duodecim Claves (As doze chaves), demonstrando que muitas das teorias teriam sido plagiadas por Paracelso, o que contribuiu para a imagem de descrédito[7]. Paracelso escondia os conceitos e medicamentos por ele usados com o recurso a deturpações latinas cuja tradução deveria ser feita com uma chave secreta o que lhe valeu a acusação de estar subtraindo o conhecimento da ciência aos demais. [8] Para Paracelso: “este segredo foi mantido entre os mais ocultos pelos antigos padres, que o possuíram, para que não caísse na mão de pessoas ímpias. Por isso suplicamos, que, imitando os padres, vos digneis tratar e guardar, de modo absolutamente secreto, esse mistério divino”.[9]
[1] BRONOWSKI, J. A escalada do homen, São Paulo:Martins Fontes, 1979, p.142
[2] ABRIL Cultural, Medicina e Saúde. História da Medicina, v.I, São Paulo, 1970, p. 163
[3] PIMENTA, Reinaldo. A casa da mãe Joana. Rio de Janeiro: Campus, 2002, p. 226
[4] TATON, René. A ciência moderna: o Renascimento, tomo II, v.I, São Paulo:Difusão, 1960, p. 141
[5] FARIAS, Robson Fernandes. Paracelsus e a alquimia medicinal, São Paulo: Gaia, 2006, p.45
[6] BELL, Madison Smartt. Lavoisier no ano um. São Paulo: Cia das Letras, 2007, p. 93
[7] SARTON, George. Six wings, men of science in the Renaissance, Bloomington: Indiana University Press, 1957, p. 111
[8] PARACELSO, A chave da alquimia, Biblioteca Planeta, Editora Três, 1973, p.22
[9] ROSSI, Paolo. Francis Bacon: da magia à ciência. Curitiba:Ed. UFPR, 2006, p.133

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Qualidade do açúcar no Brasil colônia

Ruy Gama observa que enquanto a colônia se ocupa da atividade de fabricação, o refino do açúcar é realizado na Europa baseada no trabalho livre, familiar e artesanal, com as técnicas envolvidas mantidas em segredo pelas corporações de ofícios. João Peixoto Vargas chegou a sugerir investimentos em refino, no auge da crise de 1687.[1] A maior parte do açúcar brasileiro era refinado em Amsterdã onde haviam 25 refinarias em 1621.[2] Em 1759 Pombal autorizou a instalação da primeira refinaria de açúcar em Portugal. [3]A descoberta de zonas auríferas no início do século XVIII riria contribuir para encarecer a mão de obra escrava e agravar a crise açucareira. Duhamel DuMonceau, enciclopedista ao publicar L´art de raffiner le sucre em 1764 irá começar a romper com tais segredos de ofícios ao revelar as técnicas de refino do açúcar.[4]Von Lippmann mostra que no Nordeste ocupado pelos holandeses de 1629 a 1651 cerca de dois terços do açúcar exportado era do tipo branco e o restante mascavado. Antonil no século XVIII menciona percentuais similares. Carlos Valeriano de Cerqueira no Histórico da cultura da cana na Bahia de 1778 a 1789 aponta que persiste a relação de 2/3 em favor do açúcar branco. [5]No século XIX contudo, a grande maioria dos produtores pernambucanos exportavam o açúcar mascavado bruto o que significava um preço de 25% a 33% abaixo do pago para o açúcar refinado branco, bem como pagar pelo transporte de impurezas. Ao final do século XVIII acumulam-se reclamações contra a má qualidade do açúcar branco brasileiro e diversas formas de fraude, como a mistura dos dois tipos de açúcar na mesma caixa e mesmo a inclusão de pedras[6]. Diante de tantas fraudes na pesagem o governo central determina em 1657 que as caixas de açúcar comecem a ser marcadas e numeradas consecutivamente de modo a certificar a qualidade do produto. Tal como as marcações do gado as marcas usadas nas caixas de açúcar usavam combinações das iniciais do nome do senhor de engenho. A Companhia Geral do Maranhão criada em 1682 impõe um regime de monopólios. Segundo João Francisco Lisboa: “os administradores não só faltaram às diversas obrigações a que se haviam sujeitado como se demasiaram em toda a casta de roubo e vexações. Os pesos e medidas que usavam eram falsificados, as fazendas e comestíveis expostos à venda, da pior qualidade e até corruptos”.[7]Em 1751 seriam criadas Casas de Inspeção.[8]John Mawe relata a marcação dos fardos de algodão feitos por oficial do governo como forma de especificar a qualidade do produto exportado.[9]Entre os escravos, tidos como mercadorias, haviam diversas marcações como a do traficante, do comprador, da Coria portuguesa indicando que os impostos haviam sido pagos ou da Igreja indicando o batizado. [10]Charles Boxer no seu livro O Império Colonial Português menciona o depoimento do navegante William Dampier em visita a Salvador em 1699 em que destaca a qualidade do açúcar do Brasil: “O açúcar deste país é muito melhor do que o que transportamos para a Inglaterra vindo de nossas plantações [nas Antilhas], porque todo o açúcar aqui fabricado é refinado, o que o torna mais branco e mais fino que o nosso mascavado, nome que damos ao nosso açúcar não refinado”.[11]
[1] SCHWARTZ, Stuart. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Cia das Letras, 1988, p. 165
[2] STEIN, Stanley; STEIN, Barbara. A herança colonial da América Latina, Rio de Janeiro:Paz e Terra, 1977, p.27; COSTA, Marcos. O livro obscuro do descobrimento do Brasi, Rio de Janeiro:Leya, 2019, p. 304
[3]ALBUQUERQUE, Manoel Maurício. Pequena história da formação social brasileira, Rio de Janeiro: Graal, 1981, p. 130
[4] GAMA, Ruy. Engenho e tecnologia, São Paulo: Duas Cidades, 1983, p.58, 163, 247
[5] GAMA, Ruy. Engenho e tecnologia, São Paulo: Duas Cidades, 1983, p.313
[6] GAMA, Ruy. Engenho e tecnologia, São Paulo: Duas Cidades, 1983, p.329; GOMES, Laurentino. Escravidão, v.I, São Paulo: Globo, 2019. p.322
[7] MATOS, Clarence; NUNES, César. História do Brasil, São Paulo: Círculo do Livro, 1993, p. 27
[8] SCHWARTZ, Stuart. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Cia das Letras, 1988, p. 115
[9] MAWE, John. Viagens ao interior do Brasil. São Paulo: USP, 1978, p. 193
[10] GOMES, Laurentino. Escravidão, v.I, São Paulo: Globo, 2019. p.282
[11]ALBUQUERQUE, Manoel Maurício. Pequena história da formação social brasileira, Rio de Janeiro: Graal, 1981, p. 71

Doação de Constantino

  Marc Bloch observa a ocorrência de falsificações piedosas tais como a pseudo doação de Constantino ( Constitutum Donatio Constantini ) ao ...