Segundo Colbus Fribergius citado por Agrícola no seu livo De re metallica do século XVI havia uma crença muito difundida na idade média de que os minerais são produzidos pela união de dois princípios o enxofre (princípio fixo, semente masculina) e o mercúrio (princípio volátil, semente feminina). Na alquimia em oposição aos planetas masculinos Sol, Marte, Júpiter e Urano e aos planetas femininos Vênus, Saturno e Netuno, o Mercúrio era interpretado como hermafrodita e, portanto, desempenha um importante papel mediador dos contrários em todas as práticas alquímicas.[1] O mercúrio aparece em muitos tratados alquímicos associado ao cisne como símbolo da mediação entre a água e o fogo.[2] Segundo Jung o significado da palavra “mercurius” não designa apenas o elemento químico, o planeta Mercúrio ou o Deus Hermes, mas também a “secreta substância transformadora que é ao mesmo tempo o espírito inerente a todas as criaturas vivas”[3]. A prata cresce sobre a influência da Lua[4], o ouro do Sol, o cobre pela influência de Vênus, ferro por Marte, mercúrio por Mercúrio, Jupiter o estanho, e o chumbo por Saturno, sendo esta associação das influências dos astros proveniente de doutrinas astrológicas da Babilônia. [5] A tradição hermética do século XVI associa os planetas aos órgãos do corpo humano Saturno (baço), Júpiter (fígado), Marte (estômago), Sol (coração), Vênus (rins), Mercúrio (pulmões) e Lua (cérebro). Oger Férier no mesmo século XVI por sua vez se refere ao estômago como sob influência de saturno enquanto os rins de Marte e Vênus, os pulmões de Júpiter enquanto que Mercúrio teria influência sobre as mãos e os pés [6]. A alquimia caberia apenas acelerar um processo natural de transmutação, de modo que os metais se deixados nas minas invariavelmente se converteriam em ouro ao longo de milênios. No Summa Perfectionisum tratado de alquimia do século XIV por muito tempo atribuído incorretamente a Geber “o que a natureza não é capaz de aperfeiçoar num largo espaço de tempo, podemos, com a nossa arte, levar a termo em pouco tempo”. [7]
[1] LEXIKON, Herder. Dicionário de símbolos, São Paulo:Cultrix, 1990, p. 138
[2] LEXIKON, Herder. Dicionário de símbolos, São Paulo:Cultrix, 1990, p. 60
[3] JUNG, Carl. Psicologia e alquimia, v.12. Petropolis:Vozes, 1992, p. 38
[4] FAGAN, Brian. Los setenta grandes inventos y descobrimentos del mundo antiguo, Barcelona:Blume, 2005, p. 280; BELL, Madison Smartt. Lavoisier no ano um. São Paulo: Cia das Letras, 2007, p. 46; WEST, John Anthony. Em defesa da astrologia, São Paulo:Siciliano, 1992, p. 86
[5] ELIADE, Mircea. Ferreiros e alquimistas. Rio de Janeiro:Zahar, 1979, p.40; PAPUS, Tratado elementar de magia prática, São Paulo:Pensamento, 1978, p. 232
[6] PAPUS, Tratado elementar de magia prática, São Paulo:Pensamento, 1978, p. 248
[7] ELIADE, Mircea. Ferreiros e alquimistas. Rio de Janeiro:Zahar, 1979, p.42
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