A cura de uma infecção na perna do humanista protestante Joahann Frobenius rendeu a Paracelso uma enorme popularidade.[1]Precursor da iatroquímica Paracelso uniu a alquimia com a medicina contribuindo para o conhecimento de compostos a base de arsênico, antimônio e diversos ácidos minerais e o álcool.[2] Arnald de Villanova havia obtido o álcool no século XIV o qual denominou de spiritus vini (em inglês spirits é um nome genérico para destilados), a qual Paracelso passou a denominas de alcohol seguindo a origem árabe al kuhl , referente a um pó metálico obtido por sublimação usado para colorir as pálpebras[3]. O alquimista e monge beneditino Basílio Valentino foi autor do tratado “Carro triunfal do antimônio” de 1492 muito citado pelos seus sucessores, em que revela processo para fabricação do antimônio[4]. A origem do nome antimônio está relacionada com anti-monakho, anti-monges como consequência do fato de que muitos monges morreram ao usarem o animônia em sus preparações para ganhar peso após perceberem que os porcos haviam engordado após ingestão acidental do metal.[5] Basílio, ao observar os fenômenos de combustão e fermentação observou presença de um fluido elástico que denominou “espírito silvestre”, que seria designado por gás por van Helmont.[6] Joahann Tholde publicou de 1599 a 1624 uma série de livros atribuídos a Basílio Valentino, entre os quais Currus Triumphalis Antimonii (A carruagem triunfal do antimônio) e Duodecim Claves (As doze chaves), demonstrando que muitas das teorias teriam sido plagiadas por Paracelso, o que contribuiu para a imagem de descrédito[7]. Paracelso escondia os conceitos e medicamentos por ele usados com o recurso a deturpações latinas cuja tradução deveria ser feita com uma chave secreta o que lhe valeu a acusação de estar subtraindo o conhecimento da ciência aos demais. [8] Para Paracelso: “este segredo foi mantido entre os mais ocultos pelos antigos padres, que o possuíram, para que não caísse na mão de pessoas ímpias. Por isso suplicamos, que, imitando os padres, vos digneis tratar e guardar, de modo absolutamente secreto, esse mistério divino”.[9]
[1] BRONOWSKI, J. A escalada do homen, São Paulo:Martins Fontes, 1979, p.142
[2] ABRIL Cultural, Medicina e Saúde. História da Medicina, v.I, São Paulo, 1970, p. 163
[3] PIMENTA, Reinaldo. A casa da mãe Joana. Rio de Janeiro: Campus, 2002, p. 226
[4] TATON, René. A ciência moderna: o Renascimento, tomo II, v.I, São Paulo:Difusão, 1960, p. 141
[5] FARIAS, Robson Fernandes. Paracelsus e a alquimia medicinal, São Paulo: Gaia, 2006, p.45
[6] BELL, Madison Smartt. Lavoisier no ano um. São Paulo: Cia das Letras, 2007, p. 93
[7] SARTON, George. Six wings, men of science in the Renaissance, Bloomington: Indiana University Press, 1957, p. 111
[8] PARACELSO, A chave da alquimia, Biblioteca Planeta, Editora Três, 1973, p.22
[9] ROSSI, Paolo. Francis Bacon: da magia à ciência. Curitiba:Ed. UFPR, 2006, p.133
Nenhum comentário:
Postar um comentário