Para Paracelso os alquimistas deveriam voltar sua atenção para procura de substâncias úteis à cura de enfermidades, particularmente ao administrar doses mínimas da mesma substância que supostamente invadira o corpo do doente e provocara o desequilíbrio, ou seja, a doença.[1] Embora rejeitando nominalmente a doutrina dos quatro elementos fundamentais dos escolásticos, Paracelso preserva quatro princípios que se ajustam as antigas qualidades elementares dos escolásticos, como uma fórmula de compromisso com a doutrina anterior[2]. Com a colocação dos livros de Paracelso no Index de livros proibidos, a Inquisição portuguesa perseguiu os remédios alquímicos. [3]Na Espanha o inquisidor Gaspar de Quiroga inclui na lista de livros proibidos o Chirurgia Minor de Paracelso pubicado na Basileia em 1570 e Chirugia Magnapublicado em Estrasburgo em 1573 bem como as obras do alquimista Michael Toxiteseditor de muitas das obras de Paracelso.[4] Jules Andrieu em Paracelsus and his Influence, escreve: “Louco, charlatão, impostor – junto aos historiadores, nenhum adjetivo é ruim o suficiente para ele; e ainda assim eles são forçados a admitir que este aventureiro impudente desencadeou uma revolução necessária”. Para George Sarton, Paracelso foi tanto um gênio comoum charlatão: “ele era um indivíduo extraordinário, cheio de ambiguidades e contradições, um experimentalista negligente, suas visões mais conhecidas eram uma mistura de metafísica e ideias mágicas, suas curas racionais nem sempre podiam ser seperadas de curas milagrosas. Ele era original ao ponto da extravagância, indiscreto e bombástico, generoso e tolo, um tipo de médico cigano, inquieto e dogmático, um homem de gênio e charlatão”.[5]
[1] BRAGA, Marco; GUERRA, Andreia; REIS, Jose Claudio. Breve historia da ciência moderna, v.II, Rio de Janeiro:Zahar, 2011, p. 51
[2] TATON, René. A ciência moderna: o Renascimento, tomo II, v.I, São Paulo:Difusão, 1960, p. 140
[3] EDLER, Flavio Coelho. Boticas & Pharmacias: uma história ilustrada da farmácia no Brasil, Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2006, p. 41
[4] COSTA, Marcos. O livro obscuro do descobrimento do Brasil, Rio de Janeiro:Leya, 2019, p. 255
[5] SARTON, George. Six wings, men of science in the Renaissance, Bloomington: Indiana University Press, 1957, p. 179, 186
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