Segundo Jorge Caldeira sobre o período colonial: “parte do crescimento da economia brasileira pode ser explicado pela aplicação interna de recursos que antes seguiam para a metrópole como imposto”.[1] Em História da Riqueza no Brasil Jorge Caldeira é ainda mais assertivo: “os números que os econometristas foram encontrando apontam na direção oposta à documentação tradicional. Atualmente e consenso que a economia colonial era, no final do século XVIII, muito maior que aquela da metrópole”.[2] Garcia d’Avila (1529-1609), por exemplo, o homem mais rico de Salvador no século XVI, grande latifundiário, acumulou sua riqueza com vendas de farinha, algodão e comércio de índios.[3] Jorge Caldeira o cita como exemplo de empreendedor típico da época, contudo, não leva em conta o fato dele ser provavelmente filho bastardo[4] de Tomé de Souza, primeiro Governador Geral do Brasil. No livro O Feudo Luiz Alberto Muniz argumenta que a Casa da Torre como era conhecida a casa dos Garcia D’Avila tornou-se a expressão do latifúndio e do poder político, econômico e militar da região tendo poderes de Estado e grande responsável pelo desbravamento do interior nordestino através da pecuária. Os Ávila, senhores da Casa da Torre em Tatuapava na Bahia dominanavam a margem esquerda do rio Sâo Francisco ao passo que os herdeiros de Antonio Guedes de Brito (1627-1692), senhores da Casa da Ponte dominavam a ribeira oposta até o rio das Velhas[5].
[1] CALDEIRA, Jorge. A nação mercantilista, São Paulo:Ed. 34, 1999, p. 264
[2] CALDEIRA, Jorge. História da Riqueza no Brasil, Rio de Janeiro:Estação Brasil, 2017, p.12
[3] CALDEIRA, Jorge. História da Riqueza no Brasil, Rio de Janeiro:Estação Brasil, 2017, p.78
[4] GOMES, Laurentino. Escravidão, v.I, São Paulo: Globo, 2019. p.125
[5]ALBUQUERQUE, Manoel Maurício. Pequena história da formação social brasileira, Rio de Janeiro: Graal, 1981, p. 108
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