Para
Fulcanelli a catedral de Notre Dame em Paris está repleta de representações alquímicas
entre as quais “O pilar central, que divide em dois o vão da entrada,
oferece uma série de representações alegóricas das ciências medievais. Face à
praça — e em lugar de honra — a alquimia aparece figurada por uma mulher cuja
fronte toca as nuvens. Sentada num trono, tem na mão esquerda um cetro —
insígnia de soberania — enquanto à direita sustem dois livros, um fechado
(esoterismo) outro aberto (exoterismo). Mantida entre os seus joelhos, e
apoiada no seu peito, ergue-se a escada dos nove degraus — scala philosophorum
— hieróglifo da paciência que devem possuir os seus fiéis no decurso das nove
operações sucessivas do labor hermético. “A paciência é a escada dos Filósofos,
diz-nos Valois e a humildade é a porta do seu jardim; porque a quem perseverar
sem orgulho e sem inveja, Deus fará misericórdia”. [1] Laurent Ridel mostra que esta imagem não tem origem na construção da
catedral no período medieval, mas foi introduzido numa reforma apenas setenta
anos de Fulcanelli escrever seu livro.[2] A coluna anterior onde se
encontra a imagem havia sido voluntariamente destruído pelo arquiteto Soufflot
em 1771, porque o pilar obstruía a entrada das procissões. No século XIX, a
equipe de Viollet-le-Duc o restaurou, mas sem se preocupar em reproduzir
fielmente o antigo, introduzindo a imagem do alquimista. Segundo Leurent Ridel
a imagem em Notre Dame foi adaptada numa imagem da representação da filosofia,
tal como aparece em um vitral da catedral de Laon, mas desta vez para
representar a alquimia na imagem em Notre-Dame de Paris, a escada tem um degrau
adicional para corresponder às 9 etapas do processo alquímico, em que a figura tem
numa das mãos os livros da sabedoria, na outra o ceptro e apoiada no seu peito
a escada que, tal como a escada de Jacob, permitirá chegar à esfera do
conhecimento divino. Além disso, a mão da mulher carrega um livro fechado em
referência ao conhecimento esotérico, portanto oculto. Um livro de Gilbert que
mostra a coluna antes da reforma de Viollet-le-Duc se pode observar nitidamente
que a imagem que constava não era a do alquimista.
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