Moacir Maia ao identificar o sentimento de unidade
cultural entre os couranos mostra suas estratégias de inserção na sociedade
escravista mineira como a possibilidade de escolha de padrinhos do mesmo grupo
étnico a qual pertenciam[1],
formação de núcleo famíliar (rompendo com o estereótipo de que o negro estava
imerso em um ambiente de anomia social e promiscuidade no cativeiro[2]), participação
em irmandades em um processo de reelaboração de signos e significados, como
demonstrado no protagonismo dos courás na Irmandade do Rosário dos Pretos em Mariana
e em Pilar de Vila Rica: “mesmo com as limitações impostas pelo cativeiro e
pela prórpria sociedade colonial, nela viveram e nela reconstruíram suas vidas
numa resistência adaptativa, noção aqui emprestada de Steve Stern: modo de os
indivíduos se apropriarem, ativamente, dos signos sociais, novos ou antigos,
como forma de resistirem a adversidades e opressões [...] São indícios importantes
para que se possa compreender o papel dos couranos enquanto sujeitos de sua própria
história”.[3]
[1] MAIA, Moacir Rodrigo de Castro. De reino traficante a povo traficado: a
diáspora dos courás do golfo do Benin para Minas Gerais, Rio de Janeiro:
Arquivo Nacional, 2022, p. 259
[2] MAIA, Moacir Rodrigo de Castro. De reino traficante a povo traficado: a
diáspora dos courás do golfo do Benin para Minas Gerais, Rio de Janeiro:
Arquivo Nacional, 2022, p. 173
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