Uma das funções do oráculo de Delfos era orientar o local sagrado para fundação de novas cidades. Quando os colonizadores da Eubeia fundaram Régio no sul da Itália, consultaram o oráculo este disse que a cidade teria de ser fundada onde o homem se casa com a mulher. Delfos era um santuário pan-helênico. Cada pólis tinha seus próprios santuários, mas Delfos pertencia a todos os gregos e não sob o controle de uma única comunidade. O fato de se tornar centro de peregrinação de membros de diferentes polis que vinham oferecer a Delfos suas oferendas a Apolo, o tornou um importante centro de informações de modo que ao se fundar uma nova colônia havia de se obter previamente a aprovação dos deuses em Delfos, como, por exemplo, se observa na fundação de Cirene no norte da África.[1] Em Cirene a monarquia oikista de Batos teria sido uma indicação do oráculo de Delfos, embora Heródoto em Histórias IV,150.3 se refira a nomeação feita pelo basileu de Thera. Isócrates mostra que os rivais de Evágoras temiam que a divindade interviesse para garantir a subida dele ao trono.[2] Em Cirene, a cidade-mãe é Thera, uma pequena ilha nas Cíclades, onde houve uma seca. Para encerrar a estiagem os governantes de Thera foram Delphos que em profecia indica a necessidade de estabelecer uma colônia em Cirene. Eles enviam um grupo para uma ilha na tentativa de cumprir a profecia, mas a seca continua. Ao retornar a Delphos novamente, o oráculo responde. “Você é muito inteligente, mas não é tão inteligente quanto pensa. Eu disse Montar uma colônia”. Então, finalmente, eles montaram uma colônia, e assim, a seca termina, e Battos é creditado como o fundador, que então recebe um culto em sua honra na nova comunidade. Ao contrário do colonialismo no Ocidente, essas colônias desenvolvem-se com autonomia, pois não eram dependentes de sua cidade-mãe.[3]
[1] SZEGEDY-MASZZAK,
Andrew. The ancient greeeks, Coursera Week 2 lecture 2 "The Greeks
Overseas": Colonization https://www.coursera.org/learn/ancient-greeks/lecture/RVD7s/the-greeks-overseas-colonization
[2] MITCHELL, Lynette. Em
busca da antiguidade. In: ROSA, Claudia Beltrão. A busca do Antigo, Rio de
Janeiro: Nau Editora, UNIRIO, 2011, p. 144
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