sábado, 6 de agosto de 2022

O monismo de Tales

 

Os filósofos gregos buscavam o princípio das coisas e acreditavam encontrar nas coisas materiais.[1] Segundo Aristóteles em Metafísica, para Tales a água era origem de todas as coisas[2], por isso a terra está sobre a água[3]. Segundo Claudio Blanc: “Para Tales, o princípio arché é aquilo de que derivam e em que se resolvem todas as coisas, e aquilo que permanece imutável, mesmo nas várias formas que assume. tales identificou o princípio de todas as coisas com a água, pois está presente em todo lugar em que há vida e onde não existe água não há vida. Esta realidade originária foi denominada pelos primeiros filósofos de Physis, natureza e os primeiros filósofos que desenvolveram esta questão iniciada por Tales foram chamados de físicos".[4]  Sua conclusão é baseada em um dado experimental de que as coisas inanimadas com o tempo tendem a perder água e secar. A umidade por sua vez é a nutrição de todas as coisas e nesse sentido que muitas mitologias tem a criação associada com a água, tal como Homero afirma “Oceano, geração dos deuses”. Para Carlos Conte a palavra “phisis” a que Tales se refere não ser traduzida como água mas como “fonte originária” ou “águas primordiais”[5]. Tales ao compreender que tudo no universo tem um princípio único e comum fundamenta a doutrina do monismo (do grego monos que significa um).[6]

[1] MORENTE, Manuel Garcia. Fundamentos de filosofia: lições preliminares. São Paulo:Mestre Jou, 1970, p.67

[2] GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia, São Paulo: Cia das Letras, 1995, p. 45; ZINGANO, Marco. Platão & Aristóteles: o fascínio da filosofia, São Paulo:Odysseus Editora, 2002, p.29; SOUZA, José Cavalcante. Os pré socráticos: fragmentos, doxografia e comentários. Coleção os pensadores, São Paulo: Abril Cultural, 1985, p. 7; LINDBERG, David C. The Beginnings of Western Science. University of Chicago Press. Edição do Kindle. 2007, p.28

[3] MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento antigo v.I. São Paulo:Mestre Jou, 1964, p.38

[4] BLANC, Claudio. A história da filosofia, Barueri: Camelot, 2021, p.15

[5] CONTE, Carlos Brasílio. Pitágoras: ciência e magia na Antiga Grécia,São Paulo: Madras, 2015, p.33

[6] MONTANELLI, Indro. História dos gregos, São Paulo:Ibrasa,1962, p. 68



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