Aristóteles
em sua obra Primeiros Analíticos (I,
XXX) escreve: “em filosofia, com em toda
as ciências e em todos os ramos do conhecimento, devem-se estudar os fatos. Só
a experiência nos pode fornecer os princípios gerais de um assunto qualquer”,
o que está em oposição direta aos princípios de Platão.[1] Aristóteles
critica os que propõe teorias baseados em um conjunto reduzido de experiências:
“Aqueles a quem sua afeição a discutir largamente os colocou pouco atentos aos
fatos são demasiadamente propensos a dogmatizar baseando-se em um curto número
de observações”.[2] O
próprio Arquimedes reconhece que suas teorias se baseiam em um conhecimento
imperfeito dos fatos: “Os fenômenos ainda
não foram suficientemente investigados. Quando o forem, poderemos depositar
mais confiança na observação do que na especulação, e só confiaremos nesta na
medida em que estiver de acordo com os fenômenos”.[3] Em
Metafísica (VIII,8) Aristóteles critica as ideias platônicas na medida em que
as ideias separadas e transcendentes não podem ser a causa, nem explicar o
devir nem o ser, tampouco podem ser as ideias modelos perfeitos do mundo
sensível: “dizer que são modelos e que as coisas neles participam, é vão
discurso e metáfora poética”.[4]
Aos pitagóricos Aristóteles critica sua teoria dos números identificados
com o próprio ser: “quando dizem que constituem corpos físicos com números,
isto é, quando por meio do que não tem gravidade nem leveza constituem o que é
dotado de gravidade e leveza, parecem falar de outro universo e de outros
corpos que não os sensíveis”.[5]
[1] SEDGWICK, W.; TYLER, H;
BIGELOW, R. História da ciência: desde a remota antiguidade até o alvorescer do
século XX, Rio de Janeiro:Ed. Globo, 1952, p.77
[2]
FINLEY, Moses. Los griegos de la antiguedad. Barcelona: Editorial Labor, 1966,
p. 126
[3] SEDGWICK, W.; TYLER, H;
BIGELOW, R. História da ciência: desde a remota antiguidade até o alvorescer do
século XX, Rio de Janeiro:Ed. Globo, 1952, p.81
[4]
MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento antigo: desde Aristóteles até os neoplatônicos,
São Paulo: Mestre Jou, 1973, p. 29
[5]
MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento antigo: desde Aristóteles até os neoplatônicos,
São Paulo: Mestre Jou, 1973, p. 61