terça-feira, 28 de julho de 2020

Mercantilismo

Joel Mokyr argumenta que a formação dos estados nacionais entre 1450 e 1750 é marcado por uma política mercantilista que busca estimular crescimento econômico em que fazem parte a atração de artesãos e incentivos como patentes. Pierre Deyon define mercantilismo como a doutrina e prática econômicas dos Estados nacionais do século XV ao século XVIII que procura assegurar um excedente de exportações em bens e serviços sobre as importações como forma de atrair metais preciosos considerados indispensáveis  à prosperidade da nação e ao poder do Estado.[1] O termo “mercantilismo” foi usado por Adam Smith que denuncia o sistema como injusto na medida em que estimula exportações e penaliza importações para criar uma balança favorável ao país. Para Adam Smith o mercantilismo guiado pelos interesses intervencionistas e egoístas mercantis prejudica o crescimento natural dos capitais em um ambiente de livre mercado[2]. O termo, contudo, assume um papel positivo como política estatal para Gustav von Schmoller no século XIX[3] e Frederic List que defende de ação de um Estado protecionista em defesa de suas próprias indústrias[4]. Keynes no século XX conclui que “num tempo em que as autoridades não podiam agir diretamente sobre a taxa de juro interna, nem sobre os motivos que a governam, as entradas de metais preciosos, resultantes de uma balança favorável, era os únicos meios indiretos de baixar a taxa de juro interno, isto é de aumentar a inclinação em se fazer investimentos”[5]. Luís XI na França atraiu artesãos italianos para formação da indústria da seda na França.[6] O ministro da economia Colbert (1619-1683) promoveu uma política mercantilista na França que na avaliação de Boissonnade: “A França lhe deve o fato de se ter tornado um grande estado industrial, de ter durante quase um século detido uma verdadeira realeza econômica e de, jamais ter decaído em três séculos do lugar eminente que ele lhe deu. Tal foi a parte imortal de Colbert na grandeza de seu país”.[7]



[1] DEYON, Pierre. O mercantilismo, São Paulo: Perspectiva, 1985, p. 88

[2] DEYON, Pierre. O mercantilismo, São Paulo: Perspectiva, 1985, p. 75

[3] CAMERON, Rondo. A concise economic history of the world, New York:Oxford University Press, 1998, p.131

[4] DEYON, Pierre. O mercantilismo, São Paulo: Perspectiva, 1985, p. 75

[5] DEYON, Pierre. O mercantilismo, São Paulo: Perspectiva, 1985, p. 81

[6] MOKYR, Joel. The lever of riches: technological creativity and economic progress, New York:Oxford University Press, 1990, p.78

[7] DEYON, Pierre. O mercantilismo, São Paulo: Perspectiva, 1985, p. 111


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