quarta-feira, 29 de julho de 2020

Lançadora de John Kay

A lançadora de John Kay permitiu que o artesão utilizasse apenas uma das mãos enquanto que no sistema anterior o tecelão passava a lançadeira transversalmente de uma mão à outra para fazer a trama, porém a difusão da fly-shuttle foi lenta somente tornando-se mais comum entre os artesãos da região de Manchester a partir de 1760.[1] A lançadeira volante liberou uma das mãos do operador permitindo aumentar a velocidade de operação de um modo notável, além do que as meias mais largas poderiam ser tecidas por um único tecelão, enquanto que no modelo antigo para tecidos que excedessem 75 cm seria necessário dois tecelões, um de cada lado do tear. [2]John Kay solicitou patentes em 1730 para a preparação dos fios a serem usados em teares e em 1733 para a máquina de abrir e alisar lãs e para a lançadeira volante. [3]O vertiginoso aumento das importações de algodão nas décadas de 1770 e 1780 pela Inglaterra está diretamente á inovações técnicas das fiandeiras spinning jenny de Hargreaves, a spinning mule de Crompton a máquina hidráulica de Arkwright. [4] O preço dos fios de algodão n.100 caiu de 38 shillings em 1786 para apenas 6 shillings e 9 pence em 1807, 2 shillings e 2 pence em 1832[5]. Com a water frame se vialibiliza a produção de calicos até então importados da Índia. Com a mula e a possibilidade de fabricação de musselinas extremamente finos, superando-se a lendária habilidade dos tecelões indianos. [6] Entre 1780 e 1850 o consumo de algodão pela indústria inglesa aumentou de 2 mil para 250 mil toneladas.[7] As importações de algodão cru aumentaram de cerca de 1 milhão de libras em 1743 para cerca de 60 milhões em 1802.[8] Entre 1750 e 1770 as exportações dos tecidos de algodão aumentam em dez vezes.[9] As exportações de produtos têxteis de algodão tornaram-se a principal mercadoria no comércio internacional britânico do século XIX.[10] Pierre Deyon observa que medidas protecionistas contribuíram para que a indústria inglesa conseguisse vencer a concorrência dos produtos indianos. Em 1700 o governo interditou as sedas e os tecidos de algodão orientais e em 1721 ampliou as restrições procresvendo mesmo o uso de tecidos imprtados crus ainda que tingidos na Inglaterra. [11]



[1] MANTOUX, Paul. A revolução industrial no seculo XVIII, São Paulo:Unesp, p.35

[2] USHER, Abbott. Uma história das invenções mecânicas, Campinas:Papirus, 1993, p. 374

[3] USHER, Abbott. Uma história das invenções mecânicas, Campinas:Papirus, 1993, p. 3772

[4] FREEMAN, Chris; SOETE, Luc. A economia da inovação industrial, São Paulo:Ed. Unicamp, 2008, p.70

[5] HENDERSON, William. A revolução industrial, São Paulo:Edusp, 1979, p.47

[6] MANTOUX, Paul. A revolução industrial no seculo XVIII, São Paulo:Unesp, p.230

[7] SODRÉ, Nelson Werneck. Formação histórica do Brasil, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira,1979, p.167; RIOUX, Jean Pierre. A revolução industrial 1780-1880, São Paulo:Pioneira, 1975, p.150

[8] HENDERSON, William. A revolução industrial, São Paulo:Edusp, 1979, p.8

[9] RIOUX, Jean Pierre. A revolução industrial 1780-1880, São Paulo:Pioneira, 1975, p.38

[10] FREEMAN, Chris; SOETE, Luc. A economia da inovação industrial, São Paulo:Ed. Unicamp, 2008, p.71, 96

[11] DEYON, Pierre. O mercantilismo, São Paulo: Perspectiva, 1985, p.32



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