sexta-feira, 31 de julho de 2020

Crítica de Aristóteles a Platão

Aristóteles em sua obra Primeiros Analíticos (I, XXX) escreve: “em filosofia, com em toda as ciências e em todos os ramos do conhecimento, devem-se estudar os fatos. Só a experiência nos pode fornecer os princípios gerais de um assunto qualquer”, o que está em oposição direta aos princípios de Platão.[1] Aristóteles critica os que propõe teorias baseados em um conjunto reduzido de experiências: “Aqueles a quem sua afeição a discutir largamente os colocou pouco atentos aos fatos são demasiadamente propensos a dogmatizar baseando-se em um curto número de observações”.[2] O próprio Arquimedes reconhece que suas teorias se baseiam em um conhecimento imperfeito dos fatos: “Os fenômenos ainda não foram suficientemente investigados. Quando o forem, poderemos depositar mais confiança na observação do que na especulação, e só confiaremos nesta na medida em que estiver de acordo com os fenômenos”.[3] Em Metafísica (VIII,8) Aristóteles critica as ideias platônicas na medida em que as ideias separadas e transcendentes não podem ser a causa, nem explicar o devir nem o ser, tampouco podem ser as ideias modelos perfeitos do mundo sensível: “dizer que são modelos e que as coisas neles participam, é vão discurso e metáfora poética”.[4] Aos pitagóricos Aristóteles critica sua teoria dos números identificados com o próprio ser: “quando dizem que constituem corpos físicos com números, isto é, quando por meio do que não tem gravidade nem leveza constituem o que é dotado de gravidade e leveza, parecem falar de outro universo e de outros corpos que não os sensíveis”.[5]



[1] SEDGWICK, W.; TYLER, H; BIGELOW, R. História da ciência: desde a remota antiguidade até o alvorescer do século XX, Rio de Janeiro:Ed. Globo, 1952, p.77

[2] FINLEY, Moses. Los griegos de la antiguedad. Barcelona: Editorial Labor, 1966, p. 126

[3] SEDGWICK, W.; TYLER, H; BIGELOW, R. História da ciência: desde a remota antiguidade até o alvorescer do século XX, Rio de Janeiro:Ed. Globo, 1952, p.81

[4] MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento antigo: desde Aristóteles até os neoplatônicos, São Paulo: Mestre Jou, 1973, p. 29

[5] MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento antigo: desde Aristóteles até os neoplatônicos, São Paulo: Mestre Jou, 1973, p. 61


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