sexta-feira, 31 de julho de 2020

Pitágoras e a harmonia musical

Pitágoras de Samos (580 a.c - 496 a.c.) desenvolveu sua teoria dos números partindo da experiência que mostra uma relação matemática entre as notas da escala musical e os comprimentos de uma corda vibrante ou de uma coluna de ar em vibração. Uma coluna de ar ou de uma corda de determinado comprimento daria uma nota enquanto que reduzida à metade de seu comprimento, daria uma nota uma oitava acima.[1] A escala pitagórica entretanto foi modificada por Aristóxeno no século IV a.c., pois se prestava mal à prática da arte e à fabricação de instrumentos musicais[2]. As unidades, representadas por pontos, tinham dimensões espaciais, e dentro desta perspectiva apenas os números racionais faziam sentido[3]. Segundo uma lenda anotada por Varrão a descoberta dos intervalos harmônicos musicais ocorreu pela observação dos sons do martelo de um ferreiro sobre uma bigorna considerados correspondentes às diferenças de peso entre os martelos.[4] Cícero deu nova vida à música das esferas de Pitágoras em sua fábula O Sonho de Cipião, que ganhou grande popularidade. Segundo Gunter Berghaus: “Um princípío unificador que estava na raiz de todas as coisas e constituía a causa original do Ser. O princípio original (arche) além do cosmos ele supôs que fosse o número (arithmos). Os pitagóricos acreditavam que todas as coisas eram mensuráveis em termos numéricos e que todos os elementos do universo se relacionavam entre si em proporções (harmonia) numéricas. [...] Para os pitagóricos, todo o cosmos é baseado nas relações entre os números 1, 2, 3 e 4. Esta tétrada serve como o ideograma da Criação in toto. É através do número que a unidade como principio primordial do Ser se estende para o mundo material e se torna multiplicidade. Mas o mundo material, sendo uma entidade física, deve ter um limite. Este limite é inerente nos números 1, 2, 3 e 4. Eles criam o ponto, a linha, o plano e o volume. Somando-os, 1 + 2 + 3 + 4 = 10, exaurimos os limites da dimensão física. Não há nenhum número além de 10 que não esteja implícito na tétrada. Nada pode ser acrescentado que não exista como uma combinação destes quatro números. A tétrada e a década, portanto, são os modelos da perfeição".[5]



[1] RONAN, Colin. História Ilustrada da Ciência: das origens à Grécia. São Paulo:Círculo do Livro, 1987, p.74; SEDGWICK, W.; TYLER, H; BIGELOW, R. História da ciência: desde a remota antiguidade até o alvorescer do século XX, Rio de Janeiro:Ed. Globo, 1952, p.48

[2] TATON, René. A ciência antiga e medieval, tomo I, livro 2, Sâo Paulo:Difusão Europeia, 1959, p. 44, 46

[3] RUSSELL, Bertrand. História do pensamento ocidental, Rio de Janeiro:Nova Fronteira,2016, p.57

[4] MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento antigo v. I, São Paulo: Mestre Jou, 1964, p. 56

[5] https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsica_das_esferas




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