sábado, 1 de agosto de 2020

Almas e astros

Na República, Platão observa que “se queremos que a inata inteligência da alma se volte para  genuíno estudo da astronomia, temos de proceder, como fizemos em geometria, por meio de problemas, e deixarmos de observar o ceu estrelado”.[1] Em De philos Aristóteles defende que os astros tenham movimento inteligente voluntário, porém mais tarde irá abandonar esta ideia e atribuir ao éter luminoso, o puríssimo fogo superior, ou quinta essência também denominado por Parmênides como o Olimpo[2], o movimento circular dos astros engastados em esferas celestes movidas por inteligências motoras[3] de modo que quanto mais afastados do Primeiro Motor menos perfeito seu movimento que deixa de ser circular na região sublunar onde a ação do ceu superior se esgota de modo que em lugar do movimento circular eterno temos o movimento retilíneo limitado entre um princípio e fim[4]. Na concepção do universo no Timeu de Platão, a totalidade do mundo sensível é um ser vivo com alma e corpo onde cada um dos astros são "engendrados como corpos vivos vinculados às almas”. Os astros são, portanto, tal como o homem entidades duais com uma alma aprisionada num corpo (Leis 898). Na segunda metade do século III a.c. um livro sobre Transformações em astros (Catasterismoi) atribuído a Eratóstenes de Cirne para conferir maior credibilidade reúne mitos em que o herói ou heroína ao morrer era colocado entre as constelações. [5] Segundo Pseudo-Apolodoro, depois que a Lua se apaixonou por Endimião, que era muito belo, Zeus ofereceu a ele escolher o que quisesse; ele escolheu dormir para sempre, para permanecer sempre jovem e imortal, por isso a lua é a morada das almas que se libertam da carne. [6]

[1] FINLEY, Moses. Los griegos de la antiguedad. Barcelona: Editorial Labor, 1966, p. 124

[2] MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento antigo: v.I , São Paulo: Mestre Jou, 1964, p. 66

[3] MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento antigo: desde Aristóteles até os neoplatônicos, São Paulo: Mestre Jou, 1973, p. 14

[4] MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento antigo: desde Aristóteles até os neoplatônicos, São Paulo: Mestre Jou, 1973, p. 259

[5] GRIMAL, Pierre, A mitologia grega, São Paulo: Brasiliense, 1953, p. 18

[6] https://pt.wikipedia.org/wiki/Endimi%C3%A3o



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