Hesíodo no século VIII a.c. destaca o papel do trabalho
ao enobrecer o homem do campo: “Os deuses e os homens odeiam o que vive
inativo. O homem preguiçoso é um zangão ávido que engorda, sem nada fazer, com
o labor das abelhas [...] o que
trabalha vê crescer o seu gado e aumentar sua fazenda [..] se o teu coração
está possuído pelo desejo de riqueza, tens só que trabalhar, e trabalhar sempre
[...] trabalho não é vergonha; a ociosidade sim, essa é que o é. Se labutares,
o ocioso te invejará pelos teus ganhos, os quais se seguem respeito e
consideração. O trabalho é a única coisa justa na tua condição”.[1] Em sua
obra o poema rústico “Os trabalhos e os
dias” - Erga cai h merai, Hesíodo
destaca o papel moral do trabalho e a ociosidade como algo vergonhoso.[2] Segundo
José Cavalcante de Souza: “Com Hesíodo
surge a noção de que a virtude (areté) é filha do esforço e a de que o trabalho
é o fundamento e a salvaguarda da justiça”.[3]
Para Hesíodo: “tanto os deuses como os
homens odeiam quem vive na indolência [...] O trabalho torna os homens ricos em
rebanhos e em outros bens, trabalhando tornam-se estimados pelos imortais. O
trabalho não é uma desgraça; a indolência é que é uma desgraça”.[4] Por
outro lado, para Hesíodo, como homem do campo, o enriquecimento à custa do
comércio era uma corrupção[5]. Para
Werner Jaeger na obra de Hesíodo: “o
heroísmo não se manifesta só nas lutas em campo aberto, entre os cavaleiros
nobres e os seus adversários. Também a luta silenciosa e tenaz dos
trabalhadores com a terra dura e com os elementos tem o heroísmo, e disciplina
qualidades de valor eterno para a formação do homem. Não foi em vão que a
Grécia foi o berço da humanidade que põe acima de tudo o apreço pelo trabalho.
A vida descuidosa da classe senhorial, em Homero, não deve induzir-nos em erro:
a Grécia exige dos seus habitantes uma vida de trabalho [...] o trabalho é, de
fato, uma necessidade dura para o Homem, mas uma necessidade. E quem por meio
dele provê à sua modesta subsistência, recebe bênçãos maiores que quem cobiça
injustamente os bens alheios [...] O homem deve ganhar o pão com o suor de seu
rosto. Mas isto não é uma maldição, é uma bênção. È este o preço da arete
(virtude) [...] a justiça e o trabalho são os pilares em que ela [a virtude] se
assenta””.[6]
quinta-feira, 30 de julho de 2020
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