A vontade dos deuses era conhecida pelos augures romanos consultando-se as vozes da natureza, de modo que qualquer perturbação desta ordem era considerada um sinal nefasto de tal modo que as assembleias municipais deviam suspender suas sessões tão logo relampejasse ou trovejasse.[1] Um espelho de bronze de Vulceios datado de 400 a.c. mostra um haruspice etrusco que examina o fígado de uma vítima,[2] uma atividade correlacionada com a análise de fenômenos naturais como trovoadas.[3] Os sacerdotes árbitros destas questões eram eleitos pelo colégio de intérpretes dos livros sibilinos, escolhidos entre os representantes plebeus.[4] Os livros sibilinos composto de várias profecias foi oferecido pelas sacerdotisas chamadas Sibila a Tarquínio, soberano de Roma, tendo sido os livros conservados no templo de Júpiter em Roma para consulta em tempos de crise.[5] Os Oráculos Sibilinos entre os quais a coleção mais famosa são três livros de oráculos da Sibila de Cumas conservados em Roma guardados pelo Senado numa cripta no templo de Júpiter Capitolino. Com o incêndio do templo em 83 a.c. uma versão do que sobrou foi entregue por Augusto ao Templod e Apolo sobre o Palatino em 12 a.c. Os livros eram consultados em ocasiões importantes envolvendo questões de interesse de Estado, o que mostra a reputação de tais livros na época e os cuidados para evitar a falsificação[6]. O senado romano segundo relato do poeta Luciano em seu poema A Guerra Civil consultou o grande arúspice etrusco Arunte para uma consulta. O senador Fabio Pictor registra que fizera parte de uma delegação enviada pelo Senado ao oráculo de Delfos após a vitória de Aníbal em Canas em 216 a.c. Diversos senadores ocupavam cargos sacerdotais exercendo cargos vitalícios e muitas vezes sendo homenageados em cerimônias muitos anos após sua morte. O Senado era o mediador final entre os romanos e os deuses. Diversos políticos eminentes em Roma eram iniciados nos mistérios de Deméter e Eleusis tais como Sila, Cícero, Antonino Pio, Marco Antonio, Cômodo e Augusto. O ponto alto da cerimônia do santuário de Demeter em Eleusis era o momento que o hierofante consagrava a espiga de trigo. Na Grécia, Deméter era cultuada como a Mãe do Grão e não como a Mãe da Terra como normalmente se supõe[7] Em 249 o imperador Décio ordenou um sacrifício coletivo aos deuses como solução à crise militar vivenciada naquele período.[8]
[1] ONCKEN, Guilhermo.
História Universal – História de Grécia e Roma, Francisco Alves:Rio de Janeiro,
v.IV, p.600
[2] BLOCH, Raymond. Os
etruscos. Lisboa: Editorial Verbo, 1970, p.254
[3] BLOCH, Raymond. Os etruscos.
Lisboa: Editorial Verbo, 1970, p.143; ROSS, Norman. The epic of man, Life
Magazine, 1962, p. 170
[4] BLOCH, Leon. Lutas
sociais na Roma Antiga, Lisboa:Pub. Europa America, 1956, p.81
[5] READER’S DIGEST, Os
últimos mistérios do mundo, Rio de Janeiro, 2003, p. 225
[6] KOESTER, Helmut. Introdução ao Novo testamento, V.I, São Paulo: Paulus, 2005,
p. 267
[7] KOESTER, Helmut. Introdução ao Novo testamento, V.I, São Paulo: Paulus, 2005,
p. 183
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