A biblioteca de Alexandria marca o florescimento
cultural da civilização helenística caracterizada por um cosmopolitaniismo no
pensamento e nas artes, assim como o desenvolvimento de um idioma grego comum o
koine (forma feminina do adjetivo que
significa “comum”).[1] Em Alexandria onde havia uma florescente comunidade judaica foi preparada por
setenta rabinos a Septuaginta o nome da versão da Bíblia hebraica traduzida em
etapas para o grego koiné, entre o século III a.C. e o século I a.C.[2] Esta
mescla do pensamento grego com o hebreu pode ser observada na Palestina do
século III a.c. com o livro de Eclesiastes. Fílon de Alexandria (30 a.c. – 50
d.c.), considerado o “Platão hebreu”, é um exemplo de judeu alexandrino que
integra elementos das duas culturas com forte influência do estoicismo e
platonismo.[3] Para Fílon a alma rem sua origem no mundo de Deus, de modo que somente o
espírito humano reconhece Deus e o logos, o que é possível quando nos
libertamos do mundo visível pela prática da sabedoria e exercício da virtude. Para
Fílon a ciência humana é um empreendimento destinado a uma procura contínua,
sem fim: “Assim como alguns cavadores de poços, muitas vezes, não encontram
a água procurada, assim também aqueles que avançam na ciência e insistem cada
vez mais não conseguem alcançar-lhe o fim. Os doutos acusam a própria
ignorância, reconhecendo unicamente
quando se acham longe da verdade. Afastando-se da verdade, a dificuldade
de propcurá-las e acha-la gera as disputas. Nas infinitas coisas de que tratam a lógica, a
ética e a física nascem inumeráveis discussões. Que nos resta então senão a
necessidade de se suspender o juízo ?”.[4] Para Fílon, o conhecimento humano é incapaz de encontrar a verdade.[5] Para Carlos
Gouné, Fílon é uma “encruzilhada de caminhos” como judeu da diáspora que
experimenta influências diversas e que analisa as crenças pagãs dentro do
contexto da religião judaica sendo precursor da teologia e de um método
alegorista na análise das escrituras, por metáforas, fora do sentido literal[6]. A
interpretação alegórica de Fílon, sofreu a influência do estoicismo que buscava
significados ocultos nas obras de autores clássicos como Homero, tal como se
pode observar nos textos do estoico Cornuto no século I d.c. e Posidônio de
Apameia.[7]
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