domingo, 25 de setembro de 2022

D. Maria I, o pecado e a depressão

 

O reinado de Maria I, iniciado em 1777, foi por muitos considerado o período da "viradeira", ou seja, de um retrocesso face à política reformista ilustrada do governo de José I e seu célebre ministro, Sebastião Carvalho e Melo, que se tornou marquês de Pombal em 1769. Segundo Mary del Priore: “Embora tenha convivido com Pombal, Maria I não cresceu à luz de suas ideias. Ela não pertencia à pequena elite culta e preocupada em aniquilar definitivamente toda e qualquer estrutura mental receptiva aos sistemas mágicos dos quais fazia parte o demônio, o inferno, o pecado. O milagre era parte intrínseca de sua vida. As ações divinas ou demoníacas a guiavam. O grande livro do mundo continuava imerso em explicações binárias do tipo certo e errado, de Bem e do Mal. A luz da ciência ainda não entrara na sua intimidade ou na maneira de pensar. Para ela, a natureza obedecia a um sistema oculto e inacessível à razão humana, pelo menos, à dela. Entre crer e saber, ela optou: Cria”.[1] Mentalmente instável, desde 1792 foi obrigada a aceitar que o filho d. João VI tomasse conta dos assuntos de Estado.

[1] PRIORE, Mary del. D. Maria I: as perdas e glórias da rainha que enrou para a história como “a louca”, São Paulo: Benvirá, 2019, p.195




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