O
reinado de Maria I, iniciado em 1777, foi por muitos considerado o período da
"viradeira", ou seja, de um retrocesso face à política
reformista ilustrada do governo de José I e seu célebre ministro, Sebastião
Carvalho e Melo, que se tornou marquês de Pombal em 1769. Segundo Mary del
Priore: “Embora tenha convivido com Pombal, Maria I não cresceu à luz de
suas ideias. Ela não pertencia à pequena elite culta e preocupada em aniquilar
definitivamente toda e qualquer estrutura mental receptiva aos sistemas mágicos
dos quais fazia parte o demônio, o inferno, o pecado. O milagre era parte
intrínseca de sua vida. As ações divinas ou demoníacas a guiavam. O grande
livro do mundo continuava imerso em explicações binárias do tipo certo e
errado, de Bem e do Mal. A luz da ciência ainda não entrara na sua intimidade
ou na maneira de pensar. Para ela, a natureza obedecia a um sistema oculto e
inacessível à razão humana, pelo menos, à dela. Entre crer e saber, ela optou:
Cria”.[1] Mentalmente instável, desde 1792 foi obrigada a aceitar que o filho d. João VI tomasse
conta dos assuntos de Estado.
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