A perspectiva de Heloísa Gesteira (figura) se alinha com um historiografia mais recente da história das ciências no Brasil que destaca os conhecimentos científicos do Brasil colônia, quando até então predominava a corrente que entendia que a ciência no Brasil teve origem com as primeiras instituições vocacionadas especificamente para a pesquisa científica que abriam uma possibilidade de estabelecimento de uma carreira científica, o que veio a ocorrer somente na década de 1930 com as primeiras universidades. Dois historiadores que se destacam são Fernando Azevedo com seu livro “As ciências no Brasil” de 1955 e Simon Schwartzman com o livro “Um espaço para ciência” de 1979.[1] Na perspectiva marxista de Caio Prado Júnior não havia espaço para o desenvolvimento de qualquer saber na colônia: “Se vamos à essência de nossa formação da nossa formação, veremos que na realidade nos constituímos para fornecer açúcar, tabaco, alguns outros gêneros; mais tarde ouro e diamantes; depois, algodão, e em seguda café, para o comércio europeu. Nada mais do que isto. É com tal objetivo, objetivo exterior, voltado para fora do país, e sem atenção a considerações que não fossem o interesse daquele comércio, que se organizarão a sociedade e a economia brasileiras”. Mesmo na colônia brasileiros como Alexandre de Gusmão ou padre Antonio Vieira tiveram paoel de destaque na diplomacia portuguesa. Outros exemplos da participação da vida intelectual na colônia incluem o inventor padre Bartolomeu de Gusmão ou a poesia de José de Anchieta. Ainda assim a “intelectualidade colonial” é depreciada: Rocha Pita é tido como um cronista parcial, Alexandre de Gusmão com um jesuíta fundador de uma simples escola para meninos, Simão de Vasconcelos um mero propagandista da Companhia de Jesus, as ademais do século XIII são apontadas como meras reuniões de oradores pedantes presos a uma retorica bacharelesca vazia, os colégios jesuítas como meros espaços de formação retórica e religiosa. Segundo a análise crítica de Carlos Ziller, segundo essa historiografia que despreza todas as manifestações do saber: ”numa colônia de exploração não pode haver senão uma intelectualidade desqualificada. E mais, não podem existir sábios”. Tal perspectiva historiográfica faz pouco sentido nos tempos atuais em que um destaque cada vez maior dos conhecimentos tradicionais afastando-se de uma abordagem etnocentrista europeia.[2]
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