Muitos gregos foram as hierogrammatikoi egípcias para se instruir, entre os quais Tales de Mileto, Platão, Pitágoras e Demócrito para estudos de astronomia e geometria. Clemente de Alexandria, Luciano, Diógenes Laércio, Macrobio atribuem a origem da astronomia aos egípcios e Diodoro Sioulus assegura que eles foram professores dos babilônios, porém Flávio Josefo sustenta que os egípcios aprenderam seus conhecimentos de astronomia dos caldeus. Georges Contenau destaca os trabalhos do astrônomo caldeu Soudines que vivia na corte em Pérgamo em 239 a.c., e um astrônomo chamado Naburiano, assim como Kidinnu (Kidenas em grego) que registra a presença de montanhas na lua.[1] Calístenes enviou a seu tio Aristóteles diversas observações astronômicas obtidas dos arquivos da Babilônia que segundo ele remontavam séculos de antiguidade.[2] Otto Neugebauer mostra que esta passagem é espúria pois não é mencionada em Aristóteles mas apenas em Porfírio (sec IIII d.c.) através de Simplício (séc VI d.c.) e principalmente porque segundo o texto as observações astronômicas datam de 31 mil anos atrás !.[3] Na astronomia Otto Neugebaeur destaca que embora a astronomia egípcia ou da Babilônia não descrevam qualquer modelo baseado em epiciclos ainda assim se pode-se observar a influência da Babilônia na astronomia de Ptolomeu e Hiparco nos métodos aritméticos bem como nas constantes usadas para descrição do movimento lunar tal como decifrado nos trabalhos de Epping e Kugler. O astrônomo e astrólogo da corte babilônica Berossos no governo de Antíoco I (280-261 a.c) esteve na ilha grega de Cos por volta de 270 a.c. o que pode justificar uma conexão direta na transmissão desse conhecimento. Beroso escreveu Babyloniaca (História da babilônia) um livro perdido mas cujos fragmentos são reproduzidos por Plínio, Marcus Pollio, Censorinus e Josefo .[4] Outra aproximação da astronomia grega e Babilônia é o uso de tabelas numéricas de ascensão do Sol no horizonte para determinação da variação na duração do dia. Otto Neugebauer mostra que esquemas aritméticos eram usados na solução de problemas da astronomia grega junto com soluções trigonométricas geométricas. A coexistência destes dois modelos mostra uma marca de conservantismo dos matemáticos gregos.[5]
[1] CONTENAU, Georges. Everyday
life in Babylon and Assyria, London: Edward Arnold Pub, 1954, p.229
[2] MASPERO, Gaston. History Of Egypt, Chaldæa, Syria, Babylonia, and
Assyria, v. 3, London:Grolier Society, 1896. http://www.gutenberg.org/files/17323/17323-h/17323-h.htm
[3] NEUGEBAUER, The exact
sciences in antiquity, New York: Dover, 2019, p.151
[4] PRICE, Randall. Manual de arqueologia bíblica Thomas Nelson, Rio de Janeiro:
Thomas Nelson, 2020, p.60
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