Dauril Alden em “The making of an enterprise: the Society of
Jesus in Portugal, its empire, and beyond, 1540-1750” conclui que a
expulsão dos jesuítas teve como importante fundamento os aspectos econômicos diante
do patrimônio e riqueza acumulados pelos inacianos, embora este não tenha sido
o único fator.[1] Na França os jesuítas foram banidos em 1762 depois que a ordem foi obrigada a
assumir a responsabilidade por vultosos débitos contraídos por um de seus
membros que se envolver em transações comerciais nas Índias Ocidentais.[2] Segundo
Fabrício Santos, ao lado da disputa em torno do controle da população indígena,
a questão das propriedades jesuítas e a arrecadação de dízimos gerava
rivalidades em especial na capitania de São Paulo, Grão-Pará e Maranhão, opondo
a Companhia a colonos e às outras ordens religiosas. Mesmo antes da decisão de
expulsão em 1759 a carta régia de 8 de maio de 1758 determinava o confisco dos
bens pertencentes aos jesuítas que
fossem possuídos sem especial licença régia, contra as Ordenações do Reino livro
2º título 18: "Que nenhuma igreja, ou mosteiro de qualquer ordem ou
religião que seja, possa possuir alguns bens de raiz, que comprarem ou lhe
forem deixados, mais que um ano e dia, antes os venderão", dispositivo que
até então vinha sendo ignorado. Segundo o inventário o Colégio da Bahia possuía
imóveis no valor total de 190 milhões de réis, e seus rendimentos somavam 11
milhões de réis. Na Bahia a Companhia de Jesus possuía um total de cinco
engenhos: Sergipe do Conde em Santo Amaro, Petinga e Sant'Ana em Ilheus,
pertencentes ao colégio de Santo Antão de Lisboa; Pitanga e Cotegipe,
pertencentes ao colégio da Bahia. Os engenhos de Sergipe do Conde e Sant’Ana
foram obtidos como resultado longa disputa judicial em torno do testamento de
Mem de Sá. Sob a administração dos jesuítas, o engenho Sergipe do Conde
tornou-se “um dos mais afamados que há no Recôncavo à beira mar
da Bahia” segundo testemunho de Antonil em 1711.[3] Na Bahia, Gabriel
Soares de Souza informe que em 1587 haviam 41 engenhos, aumentando para 50
engenhos em 1612 e 80 engenhos em 1629. Se em 1587 cerca de 30% destes engenhos
eram de cristãos novos esse percentual aumenta para cerca de 50% em 1618.
Ronaldo Vainfas argumenta que essa presença cada vez maior de cristãos novos na
atividade econômica açucareira estará diretamente relacionada com a defesa dos
cristãos novos por parte do padre Antonio Vieira. A própria Companhia de Jesus
era proprietária de engenhos com escravizados, o que mostra que as
possibilidade de influência de padre Antonio Vieira estariam fortemente
comprometidas caso este entrasse em choque com tais interesses econômicos.[4] Dados de 1743 mostram
que na fazenda Santa Cruz haviam 750 escravos, na fazenda Campos de Goitacases
500, no Engenho São Cristóvão 250, e na Fazenda Papucaia 225. Somados os
engenhos sob controle dos jesuítas em 1743 mantinham um total de 4863 escravos em grande parte
formada por reprodução interna e acentuada mestiçagem, dessa maneira não
precisavam recorrer ao mercado atlântico de escravos.[5]
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