Para que Moises possa mostrar o poder de Javé
este o instrui a jogar seu cajado no chão
que se transforma numa serpente (Exodo 4:1-3). No manuscrito de Westcar
(papiro Berlin 3033 de 1600 a.c.) uma estátua de crocodilo de cera se
transforma em animal real sob comando do sacerdote diante do faraó. Moisés e
Arão diante do faraó jogam a vara ao chão como deus havia ordenado que então se
transforma em serpente (LËTANYN) (Êxodo 7:10). O termo usado neste
versículo é tanin que tanto pode significar serpente como crocodilo.[1] Enquanto por certo no Horeb (Sinai) a cobra seria o animal mais indicado,
diante do faraó o mais indicado seria um crocodilo, pois mais impressionante. Dois
selos egípcios encontrados em Menfis por Flinders Petrie mostram um indivíduo,
possivelmente um mago sacerdote, segurando dois crocodilos pela cauda, um em
cada mão, além da estela de Horus segurando crocodilos. [2] Em Exodo 7:11 é dito: “E Faraó
também chamou os sábios e encantadores; e os magos (CHARËTUMEY) do Egito
fizeram também o mesmo com os seus encantamentos”, o que revela que Moisés
reproduz um efeito que os magos egípcios sabiam reproduzir. Richard Steiner
afirma ter decifrado uma seção anteriormente incompreensível de uma antiga
inscrição egípcia como um feitiço contra cobras escrito em uma língua semítica.[3] A inscrição semítica se assemelha aos caracteres hieroglíficos para confundir o
leitor e usa termos semíticos como “cobra mãe”. Datado de 2400 aC, esse
feitiço, gravado na pirâmide do rei Unas, seria uma das mais antigas inscrições
semíticas ocidentais atestadas escrita no dialeto de Biblos e quase tão antiga
quanto as inscrições acadianas mais antigas. Assim como os egípcios importavam
material do Líbano usado na mumificação, é razoável supor que também trouxeram
encantamentos para proteger as múmias reais contra cobras venenosas. Sob o
reinado de Unas (último soberano da V dinastia 2375-2345 a.c.), uma mudança se
opera nos complexos funerários reais: é na pirâmide do rei Unas que encontramos
a mais antiga versão dos textos das pirâmides, fórmulas cuja recitação permite
ao rei morto escapar dos perigos e chegar ao céu.[4] A ideia de povos semíticos sendo vistos no antigo Egito como especialistas em
magia de serpentes faz referência a história de Moisés.
[1] https://hebraico.pro.br/r/bibliainterlinear/texto.asp?g=1,2&gb=1e2,2&s=EXODO&p=7#versiculo1
[2] RENDSBURG, Gary. Moses the
magician. In: T.E. Levy et al. (eds.), Israel’s Exodus in Transdisciplinary
Perspective, Quantitative Methods in the Humanities and Social Sciences,
Springer, 2015 https://jewishstudies.rutgers.edu/docman/faculty-seminars/678-moses-the-magician/file
Gary Rendsburg - Moses the Magician https://www.youtube.com/watch?v=aYhNo1jC9Fg&t=221s
[3] PRICE, Randall. Manual de arqueologia bíblica Thomas Nelson, Rio de Janeiro: Thomas
Nelson, 2020, p.87
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