Wallis Budge observa que a magia dos egípcios era de
dois tipos: (1) aquela que era empregada para propósitos legítimos e com a
ideia de beneficiar os vivos ou os mortos, e (2) aquela que era usada para
promover atos nefastos. tramas e esquemas e pretendia trazer calamidades sobre
aqueles contra quem era dirigido.[1] Segundo
Guilherme Oncken os sacerdotes egípcios dominavam a “linguagem dos deuses”
estabelecendo uma separação completa entre o profano e o sagrado: “a consequência disto era o vulgo não saber o
que significavam a ciência e a religião, que a tradição transmitira e cujas
formas seguia com supersticiosa exatidão, ao passo que o sacerdócio se separava
cada vez do povo e vivia num mundo quimérico, cujos fantásticos ideais não
podiam nunca ser postos em prática”.[2] Byron Shafer mostra que o acesso às
forças ocultas podia se dar por meio de sonhos alguns dos quais registrados em
livros dos Sonhos como os de Hor de Sebannytos do século II a.c.[3] Hor de Sebannytos foi um profeta de grande prestigio por ter profetizado com
sucesso ao imperador Ptolomeu VI a retirada dos selêucidas e seu imperador
Antioco IV do Egito o que de fato veio a ocorrer apenas um mês após sua
profecia.[4] A interpretação dos sonhos era uma prática importante uma parte de heka, ou
magia[5],
como praticada no Egito. Jean Voyotte observa o papel teocrático do
Estado egípcio “a visão egípcia do mundo
procede de uma alta magia de Estado, coerente, raciocinada, admiravelmente
perceptível e serena”. Pelo maior contato com o Mediterrâneo e as novidades
que chegavam como a escrita pictográfica, a arte de construir barcos e a
metalurgia John White atribui aos egípcios do Baixo Egito um caráter mais
inventivo e adaptável[6]. O
conhecimento protegido por segredo, uma evidência da magia régia, era
instrumento de poder do qual uma ciência aberta poderia colocar em risco.[7] Apuleio
registra em Apologia XXVI que “a magia e
uma arte agradável aos deuses imortais, uma das primeiras coisas que se ensina
aos príncipes”.[8] Para Byron Schafer “muito do prestígio da magia vinha do acesso exclusivo
que ela dava às pessoas a técnicas , materiais, conhecimentos especiais, e
provavelmente era empregada de maneira
mais completa pela elite do que pelos outros [...] Dificilmente ocorreria a quem quer que
fosse que o sistema como um todo pudesse
estar baseado em fundamentos inseguros”.[9] Schwaller de Lubicz observa no Egito Antigo ciência, religião, filosofia e arte
estavam fundidos em uma grande síntese e única, de modo que não se pode fazer a
análise destes aspectos de modo isolado[10].
Nenhum comentário:
Postar um comentário