domingo, 26 de junho de 2022

Os zigurats babilônicos

 

Os zigurates tinham origem na Suméria, uma construção em forma de toro composta por sucessivos terraços[1], revestidos por ladrilhos coloridos, pedras ou tijolo queimado[2]. O Genesis 11:3 ao se referir a construção da Torre de Babel se refere ao uso de tijolos queimados unidos por betume.[3] Tais tijolos possuem capacidade de carga superior ao do tijolo seco ao sol, possibilitando construções mais altas. A forma dos zigurates se assemelhava a pirâmide egípcia escalonada de Saqqara e ao templo maia de Chichén Itzá pois neste também havia um tempo no topo da construção[4]. Carroll Quigley argumenta que os zigurates são um testemunho da origem montanhesa dos sumerianos.[5] A origem dos zigutrats data do período dinástico inicial (2900-2350 a.c.) como os encontrados em Ur, Mari e Nippur.[6] Samuel Kramer mostra que os zigurates  tem afinidades com as pirãmides porém seu significado é oposto: enquanto as pirâmides são túmulos em forma de labirinto onde não entra a luz do dia os zigurats é uma escadaria banhada pela luz do sol para se chegar à divindade conectando céu e terra.[7] O zigurat dedicado a Marduk foi construído por Sabium (1844-1831 a.c.)[8]. O zigurat Etemenanki (“a casa da aliança do ceu e da terra”) na Babilônia do qual só restam os alicerces do contorno da base quadrada, alguns acreditam ser a bíblica torre de Babel (Genesis 11:1-9), ou templo de Marduk composto por sete andares e 90 metros de altura[9] e que foi restaurado por Nabucodonosor II conforme conts ade uma estela em que há a inscrição: “transformei-a na maravilha dos povos do mundo, levantei seu topo para o ceu, fiz portas para os portais e os cobri com betume e tijolos”.[10] No aramaico Babilu significa “portão de Deus”, em hebraico bilbel significa “confusão”.[11] Alguns zigurates, contudo, são descritos com quatro ou cinco andares o que torna difícil a associação com os sete planetas reconhecidos pelos babilônios. Para Deodoro da Sicília o zigurate servia de observatório. [12] Peter Bruegel pintou três versões da Torre de Babel das quais se encontram no Museum Boijmans Van Beuningen em Rotterdam, no Kunsthistorisches Museum em Viena enquanto a terceira versão foi perdida. [13] Os zigurats eram dotados de rampas (em acádio Simmiltu) para se atingir os deuses poderiam viajar entre o ceu e a terra um conceito que está presente na escada (hebraico sullam) de Jacó Gn 28:12. O termo em hebraico para torre é migdal, cuja raiz gdl significa ser grande o que é equivalente ao termo em acádio zaqaru (ser alto) usado para ziqqurat. [14]



[1] BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental, Rio de Janeiro:Ed. Globo, 1959, p.83; ROBERTS, J.M. history of the world, Oxford University Press, 1992, p.45,50

[2] WRIGHT, Ronald. Uma breve história do progresso, São Paulo:Record, 2007, p.180

[3] The history channel Brasil. EPISÓDIO COMPLETO: INVENTOS DA ANTIGUIDADE - A ciência contida na Bíblia | HISTORY https://www.youtube.com/watch?v=3UqAAnSWjSg&t=513s

[4] ROAF, Michael. Mesopotâmia v.I, Lisboa:Ed. Del Prado, 1996, p. 102

[5] QUIGLEY, Carroll. A evolução das civilizações, Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1961, p.159

[6] PRICE, Randall. Manual de arqueologia bíblica Thomas Nelson, Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2020, p.70

[7] KRAMER, Samuel. Mesopotãmia o berço da civilização, Rio de Janeiro: José Olympio, 1983, p. 149

[8] BOUZON, Emanuel. As cartas de Hammurabi. Rio de Janeiro:Vozes, 1986, p. 25

[9] GARBINI, Gioavanni, O mundo da arte: o mundo antigo, São Paulo: Enciclopédia Britãnica do Brasil, 1966, p.69; EYDOUX, Henri Paul. Os homens que construíram a torre de Babel. In: Seleções do Reader’s Digest, Os últimos mistérios do mundo, Lisboa, 1979, p.170; ULRICH, Paul. Os grades enigmas das civilizações desaparecidas, Grécia, Roma e Oriente Médio, Rio de Janeiro, Otto Pierre Ed, 1978, p.220; EYDOUX, Henri Paul. Á procura dos mundos perdidos, São Paulo:Melhoramentos, 1967, p. 58; https://pt.wikipedia.org/wiki/Etemenanki

[10] PRICE, Randall. Manual de arqueologia bíblica Thomas Nelson, Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2020, p.72

[11] BERLITZ, Charles. As línguas do mundo, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988, p. 13

[12] CROUZET, Maurice. História Geral das Civilizações: O Oriente e a Grécia Antiga: as civilizações imperiais, v. I, Rio de Janeiro:Bertrand Brasil, 1998, p. 269

[13] https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Pieter_Bruegel_the_Elder_-_The_Tower_of_Babel_(Rotterdam)_-_Google_Art_Project_-_edited.jpg

[14] PRICE, Randall. Manual de arqueologia bíblica Thomas Nelson, Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2020, p.70



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