Para Gimbutas as descobertas de imagens femininas encontrados em
diferentes sítios arqueológicos da idade
da Pedra sugeriria uma civilização pan
europeia centrada no matriarcado entre
6500 e 3500 a.c.[1] Divindades
como Cibele a Grande Mãe na Ásia Menor, a deusa hindu Kali, Deméter a mãe das
colheitas e mãe das águas Tiamat da Mesopotâmia demonstram o papel predominante
da mulher nos antigos mitos religiosos.[2] No mito grego da mãe terra
Deméter (Ceres entre os romanos) responsável pela fertilidade, agricultura e
pelas boas colheitas, e sua filha Perséfone (Prosérpina) enviam Triptolemo em
seu carro puxado por dragões alados para ensinar o cultivo de cereais à
humanidade. Perséfone passa seis meses no reino subterrâneo, período em que as
sementes da cevada se ocultam debaixo da terra e o restante do ano no mundo dos
vivos, na primavera, quando as sementes brotam da terra e assim Proserpina pode
ser restituída à sua mãe[3]. Quando Plutão sequestrou
Perséfone para o mundo subterrâneo, numa expressão mítica da semeadura, ele lhe
deu a semente de romã para comer pois a romã tem muitas sementes o que
garantiria se alimentar por todo o período e assim poder retornar todos os anos.[4] Perséfone é assim a
personificação do grão jovem do ano ao passo que a deusa mãe Deméter a
personificação do grão do ano passado. O Hino a Demeter atribuído a Homero narra a históri a de
Perséfone e da criação do santuário de Eleusis. Os ritos de Eleusis eram
praticados no Telesterion fechado ao grande público e reservado aos iniciados
onde eram encenados mitos de Deméter e Perséfone (mystai) representando
o ciclo de nascimento e morte[5]. Segundo James Frazer: “nesses
mistérios a ideia da semente enterrada no solo para renascer para uma vida
superior sugere imediatamente uma comparação com o destino humano e fortalece a
esperança de que, para o home, também a sepultura pode ser também o começo de
uma existência melhor e mais feliz em um mundo desconhecido. Essa reflexão
simples e natural parece perfeitamente suficiente para explicar a associação da
deusa dos grãos em Eleusis com o mistério da morte e a esperança de uma
imortalidade bem aventurada. Os antigos consideravam a iniciação nos mistérios
eleusinos como uma chave para abrir os portões do paraíso, como se evidencia
pelas alusões que autores bem informados fazem à felicidade que espera os
iniciados na outra vida”[6]
[1] DONKIN, Richard. Sangue, suor e láqrimas. Sâo Paulo: Macron Books,
2003, p. 10
[2] MUMFORD, Lewis. A
cidade na história, São Paulo:Martins Fontes, 1982, p. 34
[3] BULFINCH, Thomas. O livro de ouro da mitologia, Rio de Janeiro: Ediouro, 2003,
p. 73
[4] FRAZER, James. O ramo de ouro. São Paulo: Círculo do Livro, 1978, p. 151
[5] READERS’S DIGEST. Os últimos mistérios do mundo, Rio de Janeiro, 2003, p.48
Nenhum comentário:
Postar um comentário