sábado, 25 de junho de 2022

O olho de Hórus

 

O nome de Rá é escrito como um círculo com um ponto no centro simbolizando o todo e o nada, e em textos antigos Rá é representado com o desenho de um olho.[1] O olho de Hórus pintado nos ataúdes permitia que o falecido tivesse contato com o mundo dos vivos cujas oferendas garantiam a alimentação necessária para a vida eterna.[2] Horus perdeu o olho em luta contra Seth o invejoso irmão de Osíris. Quando Seth lançou o olho ao longe fez-se trevas, que somente foram desfeitas com a recomposição do olho por Thoth de modo que a lua cheia significa que está tudo bem. A recuperação do olho é tanto a criação da lua quato o símbolo de seu desaparecimento mensal[3]. Coube a Thoth recuperar o olho e devolvê-lo a Hórus. Os símbolos egípcios para as frações 1/2, 1/4, 1/8, 1/16, 1/32 e 1/64  são usados no mito do olho de Horus[4], em que cada parte do olho, íris, pupila, supercílio, representa uma fração de tal modo que a soma destas frações resulta 63/64, de modo que o 1/64 faltante foi fornecido magicamente por Toth quando conseguiu encontrar e juntar o olho despedaçado[5]. O signo do olho em escrita hieroglífica significa “fazer, criar”[6]. O termo wedjat significa “saudável”, “inteiro” pelo fato do olho ter sido tratado e reconstituído depois da batalha.[7] O amuleto do olho de Hórus ou utchat[8] deve ser feito de lápis lazúli ou pedra mak, segundo o Livro dos Mortos. Nos textos religiosos a expressão meh Utchat significa “preenchido com o Utchat” como se referindo preenchido com a força do sol.  



[1] WEST, John Anthony. The traveler’s key to ancient Egypt, New York:Quest, 2012, p. 66

[2] TIRADRITTI, Francesco. Tesouros do Egito do Museu egípcio do Cairo, White Star Pub, 1998, p.126

[3] CLARK, Rundle. Símbolos e mitos do Antigo Egito, São Paulo:Hemus, (s.d.), p.228, 270

[4] MOKHTAR, Gamal. História geral da África, II: África antiga, Brasília : UNESCO, 2010, p.140; LAMY, Lucien. Mistérios egípcios, Madri:Prado, 1996, p.16

[5] TATON, René. A ciência antiga e medieval, São Paulo:Difusão, 1959, tomo I, v.I, p. 37; WEST, John Anthony. The traveler’s key to ancient Egypt, New York:Quest, 2012, p. 82; CLARK, Rundle. Símbolos e mitos do Antigo Egito, São Paulo:Hemus, (s.d.), p.222; STEWART, Ian. O fantástico mundo dos números, Rio de Janeiro:Zahar, 2016

[6] JACQ, Christian. O mundo mágico do antigo Egito, Rio de Janeiro:Bertrand do Brasil, 2001, p.62, 150

[7] TIRADRITTI, Francesco. Tesouros do Egito do Museu egípcio do Cairo, White Star Pub, 1998, p.240

[8] BUDGE, E. A. Wallis; Bauer Books. Egyptian Magic (Illustrated Edition) (Timeless Classics Collection) (p. 32). Edição do Kindle.



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