sábado, 25 de junho de 2022

As guildas e a inovação

 

Enquanto para os economistas clássicos como Adam Smith as guildas tinham um efeito negativo no desenvolvimento da economia, historiadores como Werner Sombart tinham uma perspectiva mais otimista. Epstein e Maaten Prak trazendo a perspectiva das guildas inglesas e holandesas enfatizam seu papel positivo. Sheilagh Ogilvie em The European Guilds (2019) reforça a tese que considera o papel negativo das guildas. Para Ogilvie as guildas formentavam a inovação apenas quando isso beneficiava seus membros. Frances Gies destaca que as guildas de mercadores e de artesãos formavam uma única guilda no século XII e tinham como função o auxílio mútuo dos membros e garantir a qualidade, preço, horas de trabalho e salários. [1] Segundo Lewis Munford: “a guilda de mercadores era um corpo geral, organizado e controlando a vida econômica da cidade como um todo: regulava condições de venda, protegia o consumidor contra a extorsão e o artífice honesto contra a competição desigual, defendia os comerciantes da cidade contra a desorganização de seu mercado por influências vindas de fora. A guilda de ofícios, por outro lado, era uma associação de mestres a trabalharem seus produtos, agrupados a fim de regularizar a produção e estabelecer padrões de grande habilidade”.[2] John Harvey credita às guildas medievais do século XII a introdução de inovações como a introdução do sabonete em substituição à gordura animal. A longevidade das guildas não está, portanto, ligada a qualquer benefício à economia como um todo, pois seus custos eram impostos à sociedade em geral ao passo que seus benefícios restritos a seus membros. Nesse sentido as guildas mantiveram-se fortes nas partes da Europa politicamente fragmentárias onde o Estado era fraco.



[1] GIES, Frances & Joseph. Cathedral, forge and waterwheel, New York: Harper Collins, 1994, p. 125

[2] MUNFORD, Lewis. A cidade na história, suas origens, transformações e perspectivas, Brasília: UNB, 1982, p, 296. cf. FILHO, Murillo Cruz. Contratos cartel, contratos de know-how: a negociação de mercados de creitos expirados (mimeo), Rio de Janeiro:INPI, 1983, p.28



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Doação de Constantino

  Marc Bloch observa a ocorrência de falsificações piedosas tais como a pseudo doação de Constantino ( Constitutum Donatio Constantini ) ao ...