sexta-feira, 17 de junho de 2022

A ordem dos templários

 

O castelo de Tomar era sede da Ordem de Cristo fundada em 1319 por D. Dinis como sucessora da Ordem dos Cavaleiros Templários[1] a qual mantinha em segredo diversas informações técnicas de navegação, construção naval e cartografia.[2] Jorge Caldeira aponta este como um processo de depuração de conhecimento prático em meio a tantos relatos fantasiosos como inaugurando a era moderna centrada em conhecimentos científicos.[3] O castelo de Tomar, por sua vez, nasce da doação do Castelo de Ceras e seu termo aos Templários, por D. Afonso Henrique em 1159. Os Templários construíram grande fortuna atuando como verdadeiras agências bancárias para permitir que os peregrino à Terra Santa em Jerusalém pudessem viajar sem ter de transportar valores e estarem sujeitos a assaltos, bastava que realizassem um depósito por exemplo na Temple Church construída pelos Templários em 1185 em Londres para depois sacarem o dinheiro em Jerusalém mediante a apresentação de uma carta de crédito.[4] Na França os Templários seriam expulsos por Felipe o Belo usando de sua influência junto ao papa francês Clemente V durante o período de papado em Avinhão (1309-1377). Embora Clemente V tenha absolvido os templários como mostra o "Pergaminho de Chinon", ele entretanto compreendeu que, para evitar um cisma na Igreja, era necessário sacrificar a sobrevivência da Ordem o que veio a ocorrer quando a Ordem foi dissolvida no Concílio de Vienne (França), em 1312. Uma das vozes críticas da época Chritian Spinola de Gênova  escreveu: “acredito que o rei e o papa procedem dessa forma por desejar se possar da fortun dos Templários, Hospitalário e todos os demais” Viliiani de Folrença na mesma crítica comenta que “muitas pessoas dizem que os templários foram mortos e destruídos injustamente e por motivos ímpios porque suas posses, que o papa à Ordem dos Hospitalários, eram cobiçadas”. Na bula Vox in Excelso o papa dissolvia a ordem embora não a declarasse culpada. Com exceção de um decreto especial válido para península ibérica, todas as riquezas dos templários foram transferidas para a ordem dos cvaleiros Hospitalários. O último grão-mestre, Jacques de Molay, depois de desafiar o voto de silêncio foi queimado na fogueira em Paris em 1314 por ordem do rei Filipe IV contraindo a sentença papel que o havia inocentado[5]. De acordo com a lenda, de dentro das chamas este amaldiçoou o rei Filipe IV, o papa Clemente V e o ministro Guilherme de Nogaret, afirmando estes seriam convocados perante o tribunal de Deus no prazo de um ano, o que de fato veio a ocorrer. Daniel Rops questiona se os interesses do rei francês eram apenas financeiros tendo em vista que a Ordem dos Hospitalários recebeu a sua parte do espólio.[6]

[1] BOXER, Charles. O império colonial português, Lisboa: Edições 70, 1969, p. 225

[2] CALDEIRA, Jorge. História da Riqueza no Brasil, Rio de Janeiro:Estação Brasil, 2017, p.42, 44

[3] CALDEIRA, Jorge. A nação mercantilista, São Paulo:Ed. 34, 1999, p. 97, 122

[4] COSTA, Marcos. O livro obscuro do descobrimento do Brasil, Rio de Janeiro:Leya, 2019, p. 195

[5] READER’S DIGEST, Os últimos mistérios do mundo, Rio de Janeiro, 2003, p. 86

[6] ROPS, Daniel. A Igreja das catedrais e das cruzadas. São Paulo: Quadrante, 2012, p. 642



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