domingo, 15 de maio de 2022

Mumificação no Antigo Egito

 

Heródoto descreve todo o processo de mumificação com duração de setenta dias. Estrabão se refere a três centros de produção de natrão, o mais importante era um oásis chamado Wadi Natrun abastecido com as águas do Nilo. O segundo centro ficava próximo ao porto de naucratis no delta do Nilo. O terceiro em El Kab no Alto Egito. O natrão extraído destas três localidades era um importante monopólio estatal nos tempos de Ptolomeu (320 a.c.). Além da mumificação o natrão era usado como incenso em ritos religiosos e na fabricação de vidro. [1] Em 2018 foi encontrada em Saquar uma oficina de mumificação datada do período persa, entre 664-404 a.c contendo jarros que armazenariam os óleos e substâncias utilizadas para embalsamar os mortos. Ramadan Badry Hussein, diretor de excavações da necrópole de Saquar acredita que será possível analisar a composição química dos registros para encontrar as fórmulas utilizadas pelos sacerdotes do Egito Antigo da XXVI Dinastia.[2] O espanto do geógrafo Estrabão diantes dos monumentos unerários encotrados em Alexandria no Egito levou-o a cunhar o termo “necrópole”.[3] David Silverman observa que, por volta da Quarta Dinastia, a prática de mumificação, ou seja, o método artificial de preservação dos mortos, antes restrito aos faraós, estava começando a ocorrer regularmente,  embora métodos já estivessem sendo desenvolvidos mais cedo, durante o dinástico anterior.[4] John Harris argumenta que a extração abrupta das vísceras da cavidade abdominal e toráxica não proporcionava oportunidade para estudos na área de anatomia.[5] Segundo Heródoto: “tiram-lhe primeiro o cérebro, por meio de um ferro recurvado, que introduzem nas narinas, e com o auxílio de drogas, que injetam na cabeça”[6].

[1] FORBES, R. Chemical,, culinary and cosmetic arts. In: SINGER, Charles; HOLMYARD, E. A history of technology, Oxford Clarendon Press, v.I, 1958, p. 260

[2] https://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/oficina-de-mumificacao-revela-segredos-da-conservacao-dos-mortos-no-antigo-egito-22886655

[3] EMPEREUR, Jean Yves. A necrópole revela seus segredos, Revista História Viva, n.11 setembro 2004, p.38

[4] SILVERMAN, David. Introduction to Ancient Egypt and Its Civilization, Semana 6, Mummies and Mummification Part 1, 2021 https://www.coursera.org/learn/introancientegypt/

[5] HARRIS, J. O legado do Egito, Rio de Janeiro:Imago, 1993, p.138; JOHNSON, Paul. História Ilustrada do Egito. Rio de Janeiro:Ediouro, 2002, p. 190

[6] MATTOSO, Antonio. História da civilização, Lisboa:Ed Sá da Costa, 1952, p.76; FAGAN, Brian. Los setenta grandes inventos y descobrimentos del mundo antiguo, Barcelona:Blume, 2005, p. 266; JOHNSON, Paul. História Ilustrada do Egito. Rio de Janeiro:Ediouro, 2002, p. 225; WEST, John Anthony. The traveler’s key to ancient Egypt, New York:Quest, 2012, p. 57; LANGE, Kurt. Pirâmides, esfinges e faraós, Belo Horizonte:Itatiaia, 1958, p. 122



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