Na cultura tupi o trabalho com a terra era tarefa das mulheres.[1] Entre os tapuias as mulheres se encarregavam da agricultura.[2] Hans Staden narra que as mulheres indígenas trabalhavam mais que os homens cabendo-lhes as tarefas de preparo da comida, fabricação de bebidas, vasilhames, redes, o cuidado das crianças, da plantação de mandioca e milho bem como a tecelagem[3]. James Frazer observa que nas culturas primitivas a presença de magia simpática imitativa estava bastante presente especialmente na agricultura. Segundo a magia simpática imitativa ou homeopática semelhante produz o semelhante, ou um efeito se assemelha à sua causa. Quando um padre católico censurou os índios do Orenoco que as mulheres fossem empregadas do trabalho duro da agricultura eles responderam: “Padre, o senhor não entende dessas coisas e por isso se aborrece com elas. As mulheres estão acostumadas a ter filhos, o que nós, homens não podemos fazer. Quando elas semeiam , os pés de milho dão duas a três espigas, a raiz da iúca enche dois ou três cestos, e tudo se multiplica proporcionalmente. E por que isso é assim ? Simplesmente porque as mulheres sabem reproduzir e sabem fazer com que as sementes que semeiam também reproduzam. Deixe-as semear, Nós os homens não sabemos fazer tão bem”. Entre os tupinambás havia o entendimento de que se uma certa castanha da terra fosse plantada pelos homens, não se desenvolveria.[4]
[1] SILVA, Rafael Freitas.
O Rio antes do Rio. Rio de Janeiro:Babilônia, 2015, p. 316
[2] SOUTHEY, Roberto.
História do Brazil, Rio de Janeiro:Garnier, 1862, v.II, p.44
[3] AGUIAR, Luiz Antonio.
Hans Staden: viagens e aventuras no Brasil. São Paulo: Melhoramento, 1988, p.
54; RODRIGUES, José Honório. História da história do Brasil, São Paulo: Cia
Editora Nacional, 1979, p.14
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