Hermes Trimegisto segundo uma tradição esotérica teria
adquirido conhecimentos arcanos do deus Toth[1] no Egito
da época de Moisés[2].
Os gregos Zosimo (século III), o neoplatônico Stefano de Alexandria (século VI)
e Olimpiodoro (século VI) se referem aos trabalhos de Hermes.[3] Olimpiodoro
e Stefano, contudo, são pensadores que não desenvolvem qualquer trabalho
prático em alquimia[4].
Diversos autores cristãos como Santo Agostinho acreditavam que Hermes teria
profetizado o advento de Cristo, reconhecimento também conferido por outros
autores cristãos como Lactâncio, Tertuliano, o neoplatônico Plotino e o
neopitagórico Apolônio de Tiana. Frances Yates mostra que escritas entre 100 e
300 d.c as obras do Corpus Hermeticum
trazem contradições entre ssi entre uma gnose que enxerga a matéria como
criação do mal e uma outra gnose que enxerga toda a matéria impregnada da
centelha divina, possivelmente por ter sido escrita por diferentes autores. No
entanto a Renascença considera obra de uma única pessoa real, possuidora de
conhecimentos que remetem a um tempo ainda mais remoto no Antigo Egito, um “formidável erro histórico que teria
resultados surpreendentes”.[5] Os
escritos mais importantes atribuídos a Hermes são a Tábua de Esmeralda, cuja autoria
também atribuída pelo árabe Balinus do século IX a Apolônio de Tiana (15-100 d.c.)[6] ou aos
tradutores árabes do século VIII em Bagdá tendo em vista que nenhum manuscrito
grego anterior foi encontrado [7], e os
textos do Corpus Hermeticum. Na Tábua
da Esmeralda – Tabula Esmaragdina - Hermes define sua proposição: “Verdade
! certeza ! aquilo na qual não há qualquer dúvida ! O que é superior é como o que é inferior e o que está embaixo é como o
que está em cima para formar as maravilhas/milagres da coisa única - quod est
inferius est sicut quod est superius; et quod est superius est sicut quod est
inferius – Do mesmo modo que todas as coisas foram criadas de uma só, pela
intervenção/meditação de uma só, assim todas as coisas nasceram desta coisa
única por apropriação/adaptação”. [8] O texto,
que se resume a pouco mais do que uma folha prossegue: “Aquele cujo Sol é o
pai, a Lua é a mãe, o vento o embalou em seu ventre, a Terra é sua nutridora; O
Pai de toda Telesma do mundo está nisto. Seu poder é pleno, se é convertido em
Terra. Separarás a Terra do Fogo, o sutil do denso, suavemente e com grande
perícia. Sobe da terra para o Céu e desce novamente à Terra e recolhe a força
das coisas superiores e inferiores. Desse modo obterás a glória do mundo. E se
afastarão de ti todas as trevas. Nisso consiste o poder poderoso de todo poder:
Vencerás todas as coisas sutis e penetrarás em tudo o que é sólido. Assim o
mundo foi criado. Esta é a fonte das admiráveis adaptações aqui indicadas. Por
esta razão fui chamado de Hermes Trismegisto, pois possuo as três partes da
filosofia universal. O que eu disse da Obra Solar é completo.“ Segundo
Stanislas de Rola “Diz-se isto porque a
pedra está dividida em duas partes principais pelo magisterium [a Obra]: a
parte superior, que ascende, e a parte inferior, que permanece abaixo, claro,
fixa. E, no entanto, estas duas partes tem a mesma virtude [...] a parte
inferior é a Terra, chamada ama de leite e fermento, e a parte superior é a
alma, que vivifica e faz ressuscitar a pedra inteira”.[9] Lawrence
Principe discute quem seria “aquele cujo pai é o sol” ? Para gerações de
alquimistas a Tábua de Esmeralda se refere neste trecho a pedra filosofal,
agente da transmutação dos metais, de modo que o texto tem oculto a codificação
de como preparar tal pedra filosofal.
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