Durante
toda a conquista de Pernambuco pelos holandeses e demais capitanias vizinha o
período foi seguido por guerra, fuga, destruição e pilhagens. Ao comentar o sermão do padre
Antonio Vieira de 1633 ao celebrar com eloquência os atos de coragem contra os
invasores holandeses, Ronaldo Vainfas (figura) considera anacronismo se falar em
patriotismo: “De que pátria se tratava ? Brasil, Portugal ou Espanha ?
Pátria era a palavra utilizada, então, para designar a terra natal, o lugar de
nascimento, sem implicar a ideia moderna de nacionalidade. Quando se referia à
pátria nesse e noutros sermões sobre o
assunto, Vieira utilizava o conceito de
pátria no sentido tradicional, exortando os luso brasileiros para a guerra,
nada mais do que isso.“ [1] Em sermão na igrega de Nossa Senhora da Ajuda em 6 de janeiro de 1641 Antonio
Vieira destacou as qualidades do “invictíssimo
monarca Felipe IV [...] Viva pois o santo
e piedos rei, viva e reine eternamente com Deus” um sermão do qual deve ter
se arrependido tendo em vista que apenas alguns dias depois chegasse uma
caravela vinda Portugal trazendo a notícia de que o rei espanhol Felipe IV
havia sido deposto sendo aclamado o duque de Bragança como novo rei português
dando fim a união ibérica (1580-1640).[2] Ronaldo Vainfas destaca
que a defesa de Antonio Vieira da entrega de Pernambuco aos holandeses no “Papel
forte[3]”
de 1648/1649 quando logo em seguida no campo de combate seriam registradas as vitórias
dos portugueses como em Guararapes o que rendeu-lhe acusações de “Judas de
Portugal” e “entreguista”, “logo ele que em vários textos ou
sermões mencionou a defesa da pátria como a grande causa dos portugueses. Qual
pátria ?”. Ronaldo Vainfas destaca que embora precursor de um nacionalismo
português, Antonio Vieira certamente tinha em perspectiva superior seu universalismo cristão.[4]
[1] VAINFAS, Ronaldo. Perfis brasileiros: Antonio Vieira. São Paulo: Cia das
Letras, 2011, p. 49
[2] VAINFAS, Ronaldo. Perfis brasileiros: Antonio Vieira. São Paulo: Cia das
Letras, 2011, p. 85
[3] VAINFAS, Ronaldo. Perfis brasileiros: Antonio Vieira. São Paulo: Cia das
Letras, 2011, p. 285
Nenhum comentário:
Postar um comentário