domingo, 3 de abril de 2022

Padre Antonio Vieira fomentou o germe do patriotismo ?

 

Os holandeses atacaram inicialmente a Bahia cometendo pilhagens nas costas de Alagoas e Pernambuco como consta nos documentos da Companhia das Índias Ocidentais (West Indishe Compagnie WIC) autorizada pelo governo holandês em 1621 com um privilégio de 24 anos para as colônias que fundasse e reunindo cerca de sete milhões florins em sua maioria de judeus[1], sedo organizada aos moldes da Companhia das Índias Orientais fundada em 1602.[2] Também os próprios portugueses na reconquista de Sergipe sob ordens do vice rei Montalvão incendiou canaviais e engenhos de açúcar holandeses. Segundo Felisbelo Freire sob o ataque aos holandeses em Sergipe: “a destruição encetada pelos conquistados é acabada pelos conquistadores , que entregam às chamas a pequena cidade (Itabaiana) devastam os canaviais e os sítios, incendeiam os engenhos e em vez de protegerem os infelizes abandonados enxotam-nos de seus lares, para com a miséria e a dor, seguirem a reforçar o exército do fugitivo”. Durante toda a conquista de Pernambuco pelos holandeses e demais capitanias vizinha o período foi seguido por guerra, fuga, destruição e pilhagens. Ao comentar o sermão do padre Antonio Vieira de 1633 ao celebrar com eloquência os atos de coragem contra os invasores holandeses, Ronaldo Vainfas considera anacronismo se falar em patriotismo: “De que pátria se tratava ? Brasil, Portugal ou Espanha ? Pátria era a palavra utilizada, então, para designar a terra natal, o lugar de nascimento, sem implicar a ideia moderna de nacionalidade. Quando se referia à pátria nesse  e noutros sermões sobre o assunto, Vieira utilizava o conceito  de pátria no sentido tradicional, exortando os luso brasileiros para a guerra, nada mais do que isso.“ [3]

[1] CALMON, Pedro. História da civilização brasileira, Brasília: Senado Federal, 2002, p. 69

[2] VAINFAS, Ronaldo. Perfis brasileiros: Antonio Vieira. São Paulo: Cia das Letras, 2011, p. 44

[3] VAINFAS, Ronaldo. Perfis brasileiros: Antonio Vieira. São Paulo: Cia das Letras, 2011, p. 49



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