domingo, 3 de abril de 2022

Pitágoras e os feijões

 

Peter Gorman mostra que Pitágoras era propenso à superstição, como a relatada por Aristóteles acerca do som do gongo de bronze que Pitágoras atribui a voz de um daimon oculto no metal[1], ou sua proibição de se comer feijões, uma vez que se desenvolvem assemelhando-se a um embrião humano, eles seriam almas embrionárias em um estágio inicial de transmigração. Diógenes Laércio menciona que a rejeição a comer feijões por parte de Pitágoras teria origem em sua estadia no Egito quando foi iniciado nos mistérios egípcios.[2] Em um dado episódio Pitágoras teria sido agredido por uma multidão raivosa que o perseguia, ainda que tivesse a opção de escapar da turba atravessando um campo de feijões, o que ele se recusou a fazer.[3] Heródoto em Histórias capítulo XXXVII comenta que “Os egípcios não semeiam feijão em seu país; se algum crescer, eles não os comerão crus ou cozidos; os sacerdotes não suportam nem vê-los, considerando o feijão uma espécie impura de leguminosa”[4]. Segundo Plínio, os pitagóricos acreditavam que as favas dos feijões podiam conter as almas dos mortos, já que eram carnais, de modo que comer feijões era considerada prática de canibalismo.

[1] GORMAN, Peter. Pitágoras, uma vida, São Paulo:Círculo do Livro, 1993, p. 44

[2] GORMAN, Peter. Pitágoras, uma vida, São Paulo:Círculo do Livro, 1993, p. 47, 69

[3] ROONEY, Anne. A história da matemática, São Paulo: M. Books, 2012, p. 79

[4] http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus:text:1999.01.0126:book=2:chapter=37&highlight=beans





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