Entre os hominídios caçadores coletores, com ênfase na colheita, antes da revolução agrícola, as comunidades eram organizadas em pequenos grupos, ou tribos, como uma invenção tipicamente humana. E um passo crucial na evolução do homo sapiens foi a invenção da sacola de carga que permitia recolher os frutos e plantas do loca de coleta para o acampamento, o que permitia uma forma primitiva de divisão social do trabalho. Os homens mais fortes fisicamente saíam para a caça enquanto as mulheres cuidavam da coleta de plantas alimentícias e do cuidado das crianças. Grahame Clark destaca que a divisão do trabalho foi uma das molas mestras do progresso humano.[1] Enquanto as plantas alimentícias ficam dentro do círculo familiar imediato, a carne pode ser distribuída para outros grupos, o que confere um status social diferenciado ao homem caçador.[2] Segundo Richard Leakey: “no meio político das sociedades de caça pode ser observado que quanto maior a importância da carne, maior dominância dos homens sobre as mulheres”.[3] James Adovasio questiona o mito da imagem do homem caçador, pois considera que as caçadas de grandes animais não eram a regra e mesmo em alguns casos como Indian Knoll são encontrados evidências de mulheres como hábeis caçadoras de animais menores tais como arganazes e coelhos.[4] Correr atrás de um animal de grande porte com apenas uma lança poderia representar um risco muito grande[5]. Para James Adovasio não há motivo para desacreditar que aconteciam tanto a caça como a busca por carniça, o que pode significar um maior papel da mulher na busca de comida.[6] Margaret Conkey e Joan Gero em sua obra Engendering Archaeology: Women and Prehistory publicado em 1991 mostram que as mulheres também participavam da construção de artefatos líticos bem como também faziam desenhos rupestres em cavernas além de participar das caçadas que envolviam a preparação de iscas e armadilhas e não apenas a força bruta.[7]
[1] CLARK, Grahame. A pré
história, Rio de Janeiro:Zahar, 1975, p. 42
[2] LEAKEY, Richard. Origens, Brasília:UNB, 1980, p. 169, 174
[3] LEAKEY, Richard. Origens,
Brasília:UNB, 1980, p. 233
[4] ADOVASIO, James;
SOFFER, Olga; PAGE, Jake. Sexo invisível: Rio de Janeiro: Record, 2009, p. 240,
247
[5] ADOVASIO, James;
SOFFER, Olga; PAGE, Jake. Sexo invisível: Rio de Janeiro: Record, 2009, p. 187
[6] ADOVASIO, James;
SOFFER, Olga; PAGE, Jake. Sexo invisível: Rio de Janeiro: Record, 2009, p. 55,
89
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