sexta-feira, 8 de abril de 2022

A rocha de Behistun

 

Em 1765 o alemão Niebuhr descobriu inscrições em Persépolis que o levaram a decifração da escrita cuneiforme.[1] O vocabulário sumério consistia principalmente de monossílabos o que possibilitava reduzir o número de símbolos em uso de modo que por volta de 2900 a.c. um total de 2000 símbolos foi reduzido para apenas 500 ou 600 dos quais 100 representavam uma única sílaba. Os sumérios nunca usaram exclusivamente fonemas, mas uma combinação arbitrária de fonemas e ideogramas[2]. Apesar disso como os sons consoantes não se distinguiam da sílaba em que se encontravam os sumérios nunca conseguiram um alfabeto.[3] A escrita cuneiforme era feita pela pressão do estilete sobre a argila mole, sendo que o termo foi cunhado pelo alemão Engelbert Kampfer. Decifrando os nomes dos rei persa Dario, o Grande em duas inscrições encontradas em Persepolis chamadas "inscrições Niebuhr" o alemão Georg Friedrich Grotefend em 1802 fez contribuições significativas para decifração da escrita cuneiforme que foram mais tarde confirmadas por Champollion em 1823 ao decifrar as inscrições em quatro línguas presentes no  "vaso Caylus" com o nome de Xerxes I.[4] Henry Rawlinson foi o tradutor da escrita cuneiforme ao decifrar em 1857 as inscrições na Rocha de Behistun no Irã,[5] com uma inscrição das vitórias de Dario sobre Cambises em 516 a.c. escrita em três línguas:  cuneiforme classe I (Antigo Persa), elamita e acádio que ao contrário do Antigo persa não era alfabético.[6]  A inscrição: “Diz Dario, o Rei: ó  tu, que doravante contemplares esta inscrição, ou estas esculturas. Não as destruas, mas desde agora protege-as por todo o tempo em que viveres com saúde e vigor”. Uma das inscrições no Irã foi entalhada numa rocha de 90 metros de altura, tão alto que ninguém poderia destruir[7]. Em 1851 Rawlinson publicou a célebre Memoir on the babilonian and assyrian inscriptions. No Elam, em Susa foram encontrados vestígios de escrita pictográfica[8].  Para decifrar o texto Rawlinson usou a técnica inicialmente desenvolvida por Georg Grotefend em 1802 que ficou conhecida como teoria de Grotefend.[9]

[1] EYDOUX, Henri Paul. Á procura dos mundos perdidos, São Paulo:Melhoramentos, 1967, p. 288

[2] TOYNBEE, Arnold. A humanidade e a mãe terra, Rio de Janeiro:Zahar, 1976, p.80

[3] DERRY, T.; WILLIAMS, Trevor. Historia de la tecnologia: desde la antiguidade hasta 1750, Mexico:Siglo Vintuno, 1981, p.312; SARTON, George. Ancient Science Through the Golden Age of Greece, New York:Dover, 1980, p.64

[4] https://en.wikipedia.org/wiki/Georg_Friedrich_Grotefend

[5] KRAMER, Samuel. Mesopotãmia o berço da civilização, Rio de Janeiro: José Olympio, 1983, p. 126, 143; ULRICH, Paul. Os grades enigmas das civilizações desaparecidas, Grécia, Roma e Oriente Médio, Rio de Janeiro, Otto Pierre Ed, 1978, p.204; EYDOUX, Henri Paul. Á procura dos mundos perdidos, São Paulo:Melhoramentos, 1967, p. 46

[6] SARTON, George. Ancient Science Through the Golden Age of Greece, New York:Dover, 1980, p.65; BOYER, Carl. História da matemática, São Paulo: Edgard Blucher, 1996, p. 6

[7] BERLITZ, Charles. As línguas do mundo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988, p. 132; ONCKEN, Guilherme. História Universal. História do Antigo Egito, v.I, Rio de Janeiro:Bertrand, p.401

[8] GOWLETT, John. Arqueologia das primeiras culturas. Barcelona:Folio, 2008, p.182

[9] PEDROSA, Ronaldo Leite. Direito em história. Rio de Janeiro: Lumen, 2005, p. 7



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