sábado, 9 de abril de 2022

O conhecimento árabe medieval em astronomia precursor de Copérnico

 

Astrólogos como al Battani procuraram a solução de problemas astrológicos com uso de soluções trigonométricas rigorosas, corrigindo muitos dos cálculos de Ptolomeu no Almagesto.[1] Al Battani calculou a inclinação do eixo da terra em 23 graus e 35 minutos e estimou o ano solar em 365 dias, 5 horas, 46 minutos e 24 segundos.[2] Mesmo nos séculos XVI e XVII Copernico e Kepler mencionam os trabalhos de Battani em astronomia o que revela sua qualidade.[3] Uma versão avançada da esfera armilar, o torquetum foi inventado pelos árabes entre 1000 e 1200 d.C. Uma esfera armilar consiste numa reunião de anéis (do latim armillae) cada qual representando um círculo da esfera celeste, sendo possível medir posições com este instrumento.[4] Noah Efron e David Lindberg observam que o heliocentrismo de Copernico pode ter sido influenciado pelos trabalhos do astrônomo de Damasco Ibn al Shatir (1305-1375) que propôs correções no modelo ptolomaico, uma vez que a Polônia localizava-se muito próxima dos limites do império otomano naquele tempo. [5] Nasir al Din al Tusi (1201-1274) construiu um observatório em Maraga, no nordeste do Irã e inventou um método geométrico que converte dois movimentos circulares uniformes em uma linha reta que vai e volta, conhecida como “casal-Tusi”. O casal Tusi é um dispositivo matemático no qual um pequeno círculo gira dentro de um círculo maior com o dobro do diâmetro do círculo menor. As rotações dos círculos fazem com que um ponto na circunferência do círculo menor oscile para frente e para trás em movimento linear ao longo de um diâmetro do círculo maior. O modelo “casal-Tusi” foi usado no modelo de Copérnico. [6]



[1] TATON, René. A ciência antiga e medieval: a Idade Média, v. III, São Paulo:Difusão, 1959, p. 47; RONAN, Colin. História Ilustrada da Ciência, v.II Oriente, Roma e Idade Média, Rio de Janeiro:Zahar, 2001, p. 97

[2] ROONEY, Anne. A história da matemática, São Paulo: M.Books, 2012, p.92

[3] LINDBERG, David C.. The Beginnings of Western Science. University of Chicago Press. Edição do Kindle.2007, p.179

[4] RONAN, Colin. História Ilustrada da Ciência: Oriente, Roma e Idade Média. v.2, São Paulo:Jorge Zahar, 2001, p.49

[5] EFRON, Noah. Mito 9: que o cristianismo deu à luz a ciência moderna. In: NUMBERS, Ronald. Terra plana, Galileu na prisão e outros mitos sobre a ciência e religião, Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2020, p. 122

[6] LINDBERG, David C.. The Beginnings of Western Science. University of Chicago Press. Edição do Kindle.2007, p.179



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