sábado, 30 de abril de 2022

Frei José Mariano da Conceição Veloso

 

Segundo Fernando de Azevedo em Cultura do Brasil na mesma ocasião Saint Hilaire levou consigo 554 chapas pertencentes à notável Flora Fluminense de frei José Mariano da Conceição Veloso (1742-1811), residente de Minas Gerais e primo-irmão por parte de mãe, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes[1]. Concluída em 1790, apenas doze anos após a morte de Lineu, a obra com 1.639 descrições de plantas em latim e as correspondentes ilustrações botânicas, representadas em 11 tomos representou um esforço notável para a época, mas só foi publicada postumamente, em 1824, quando o então bibliotecário Frade Antônio d’Arrabida sugeriu a impressão da obra. José Veloso tentou sem sucesso a publicação da obra em Lisboa concluída em 1790 apesar do Decreto Real de 9 de julho de 1792, ordenando a impressão da “Flora Fluminensis”. O atraso na publicação levou à perda da prioridade de autoria da maior parte dos novos nomes de gêneros e espécies descritos por frei Vellozo.[2] Entre 1799 e 1801 em Lisboa o frade mineiro José Mariano da Conceição Veloso dirigiu a Casa Literária do Arco do Cego divulgando trabalhos em agricultura, navegação e medicina.   Robert Wegner mostra que dos livros editados pelo Arco do cego  entre 1799 e 1802 cerca de 2300 livros foram remetido para a capitania de São Paulo dos quais 75% permaneciam encalhados com o administrador aguardados em estoque. Em 1799 há ntícias de 110 exemplares vendidos das Memórias sobre o açúcar entre os agricultores de Pernambuco e 125 na Bahia, o que não significa que tais livros eram livros ou que tenha de fato produzido algum impacto na agricultura: “Veloso às vezes parece um personagem trágico que, derrotado, passa seus últimos três anos de vida novamente enclausurado no Mosteiro de Santo Antonio no Rio de Janeiro, onde falece em 1811. Mas nos anos de editor em Lisboa lembra um pouco um herói quixotesco”.[3] A obra de José Mariano deixou um legado. Francisco Freire Alemão (1797-1874) nascido em Campo Grande no Rio de Janeiro foi botânico da Escola Central inspirado no trabalho de frei José Veloso e como diretor do Museu Nacional foi uma dos organizadores da Sociedade Vellosiana em homenagem ao frei José Velloso em 1851. Francisco Freire publicou diversos trabalhos de descrição botânica de plantas nativas do Brasil entre os quais os trabalhos realizados junto a Comissão Científica de Exploração de 1862 com os resultados das pesquisas no Ceará.[4]

[1] MARTINS, Wilson. História da inteligência brasileira, v.I (1550-1794), São Paulo:USP, 1976, p. 532

[2] BEDIAGA, Begonha; LIMA, Harooldo Cavalcanti . A “Flora Fluminensis” de frei Vellozo: uma abordagem interdisciplinar Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Hum., Belém, v. 10, n. 1, p. 85-107, jan.-abr. 2015 https://www.scielo.br/pdf/bgoeldi/v10n1/1981-8122-bgoeldi-10-1-085.pdf

[3] WEGNER, Robert. Livros do Arco do Cego no Brasil colonial. In: História e Ciências da Saúde Manguinhos, v.11 suplemento 1, 2004, p. 139

[4] PEREIRA, Nuno Alvares. Francisco Freire Alemão: cientista do Mendanha, Rio de Janeiro: Publit, 2006



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