Edward Gibbon sugere que a Igreja cristã ao desviar os
cidadãos romanos de seus compromissos cívicos contribui para a queda do
espírito de coletividade e resistência às invasões, no entanto Tim Cornell
observa que este argumento não consegue explicar o porque de Roma Ocidental ter
caído às invasões estrangeiras enquanto que Roma Oriental, também cristã,
resistiu.[1] Perry
Anderson corrobora a tese de Gibbon, mas como marxista, atribui tal influência
a fatores econômicos uma vez que a criação de um vasto aparelho clerical foi um
dos fatores da sobrecarga parasitária que exauriu a economia sendo a causa
determinante central do colapso do Império Romano.[2] Em outro
trecho Perry Anderson destaca que não há como negar a mudança que ocorria no
campo, quando as fronteiras do Império Romano deixaram de avançar e com isso
não pode manter o fluxo de escravos necessário para manter a economia em pleno
funcionamento.[3] Will Durant destaca que os bárbaros invasores encontraram pouca resistência
porque antes a população camponesa era suprida com guerreiros patrióticos que
lutavam por sua terra e estes por sua vez haviam sido substituídos em grande
parte por escravos, indiferentes à propriedade agrícola em que trabalhavam.[4] Greg Woolf
consta a contração econômica entre os anos 200 e 300 dc que reduziu de modo
dramático a população de muitas cidades entre as quais Roma. Entre as
explicações levantadas estão a difusão de pragas como varíola ou sarampo,
mudanças climáticas que levaram à queda da produção agrícola ou o fato da
economia ter atingido sua capacidade máxima bem mais cedo. A retomada que se
observa nos últimos séculos antes do Cristianismo é considerado resultado muito
mais da expansão territorial com a incorporação de novas regiões ao império,
algo que não pode se sustentar por muito mais tempo. [5]
[1] CORNELL, Tim; MATTHEWS,
John. Roma: legado de um império, v. I, Lisboa:Edições del Prado, 1996, p. 112,
213
[2] ANDERSON, Perry.
Passagens da antiguidade ao feudalismo, Porto: Afrontamento, 1982, p. 145
[3] ANDERSON, Perry.
Passagens da antiguidade ao feudalismo, Porto: Afrontamento, 1982, p. 102
[4] DURANT, Will, 12 lições
da história para entender o mundo, Barueri: Faro Editorial, 2018, p. 57
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