O cristão Taciano no século II, repreende todos os tipos de magia em sua obra Oratio ad Graecos (Discurso aos gregos) com artifícios ineficazes do demônio. Tertuliano em De Cultu feminarun afirmou que as mulheres eram geralmente mais inclinadas para magia, e que os demônios lhes ensinaram os poderes secretos das ervas porque elas estavam mais sujeitas ao engano dos espíritos malignos do que os homens. Agostinho embora reconhecendo a eficácia de muitas destas práticas de cura, reforça a tese de que se tratam de técnicas diabólicas. Segundo Agostinho em Cidade de Deus: “Não é totalmente absurdo dizer, com referência apenas às diferenças físicas, que existem certas influências siderais [isto é, estelares]. Vemos que as estações do ano mudam com a aproximação e o retrocesso do sol. E com o crescente e o minguante da lua, vemos certos tipos de coisas crescerem e encolherem, como ouriços-do-mar e ostras, e as maravilhosas marés do oceano. Mas as escolhas da vontade não estão sujeitas às posições dos astros.”[1] O inquisidor Heinrich Kramer comenta o texto de Agostinho: “Em primeiro lugar, ninguém há de negar que certos flagelos e males que de fato e visivelmente se abatem sobre os homens , os animais e os frutos da terra , e que não raro decorrem da influências dos corpos celestes, podem ser muitas vezes causados pelos demônios conquanto Deus o permita. Diz-nos Santo Agostinho no quarto livro De ciuitate Dei: os demônios poderão fazer uso do fogo e do ar, se assim Deus lhe permitir. Um comentarista ainda ressalta: Deus pune pelo poder dos anjos do mal [...] Quisera que fosse tudo isso irreal e meramente fantasioso para que livrássemos nossa Santa Madre Igreja da lepra dessas abominações“.[2] David Lindberg mostra que no século XII houve uma revitalização das teses platônicas de astrologia, especialmente quando aplicadas à medicina, com a recuperação de textos gregos obtidos pela tradução do árabe, como o livro TetraBiblos de Ptolomeu ou a Introdução à ciência da astrologia de Albumasar ambos de 1130, ainda que a defesa de qualquer determinismo astrológico que contradissesse o livre arbítrio continuasse condenado pela Igreja. Hugo de São Vitor em 1141, por exemplo, expressa aprovação da astrologia que se ocupa da cura de doenças pela observação dos astros.[3]
[1] LINDBERG, David C.. The
Beginnings of Western Science. University of Chicago Press. Edição
do Kindle.2007, p.273
[2] KRAMER,
Heinrich; SPRENGER, James. O martelo das feiticeiras, Rio de Janeiro:Record,
1997, p.70, 76
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