O padre Jean Buridan (1300-1358), professor em Sorbonne, contrário a ideia de um mundo eterno, partindo do conceito de um momento para a criação do universo irá desenvolver a tese de um impulso inicial (teoria do ímpeto) para o movimento dos planetas, dado por Deus, pavimentando as teses de dinâmica de Galileu e de inércia de Newton. O fato de Jean Buridan ter recebido menos atenção em sua época está ligada ao fato de ter sido um padre secular, ou seja, era um clérigo que não estava afiliado a uma Ordem religiosa tal como a maioria dos intelectuais da Idade Média Clássica como a dos Franciscanos e Dominicanos. Daniel Rops observa que Jean Buridan foi o primeiro reitor não clérigo da Universidade de Paris, numa época em que o prestígio da universidade já declinara em oposição à ascenção de outras universidades tais como Oxford, Salamanca, Praga e Coimbra. Segundo Pierre Duhem: “Jean Buridan teve a incrível audácia de dizer: Os movimentos dos céus estão submetidos às mesmas leis dos movimentos das coisas cá de baixo, a causa que mantém as revoluções das esferas celestes é a mesma que mantém a rotação do rebolo do ferreiro; há uma Mecânica única pela qual se regem todas as coisas criadas, a esfera do Sol e o pião que o menino põe em rotação. Jamais houve, talvez, no domínio da ciência física, revolução tão profunda, tão fecunda quanto esta.”[1] Daniel Rops menciona além de Jean Buridan, os avanços na experimentação e nas ciências em Roger Bacon, Guilherme de Ockham, o bispo Albrecht von Halberstadt e Nicolau Oresme.[2] Apesar de ser um padre secular ainda sofreu a censura das autoridades teológicas de sua época ainda sob o efeito das condenação das teses aristotélicas em Paris de 1277. O próprio Nicolau Oresme ainda em 1377 ao defender a tese de um universo infinito imerso no vácuo averte seus críticos que observem o ensinamento da Igreja pois “dizer o contrário é manter um artigo condenado em Paris”.[3]
[1] DUHEM, Pierre. Histoire des doctrines cosmologiques de
Platon à Aristote, tomo VII, pp. 328-340
[2] ROPS, Daniel. A Igreja das catedrais e das cruzadas. São Paulo: Quadrante,
2012, p. 625
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