domingo, 20 de março de 2022

O poder mágico dos números na idade média

 

Na idade medieval a crença nos poderes mágicos dos números e nos chamados quadrados mágicos tornou-se bastante difundida.[1] Os quadrados mágicos já se encontram presentes no livro das permutações chinês que data de 1000 a.c. Um quadrado mágico 4x4 cuja soma das linhas é 34 (4-14-15-1, 9-7-6-12, 5-11-10-8, 16-2-3-13) em é mostrado em A Melancolia, de Albrecht Dürer, 1514. Este quadrado mágico era conhecido como Tábua de Júpiter entre os cabalistas.[2] O culto aos números mágicos deu origem ao estudo da gematria, aos quais se atribuía inclusive poder de cura. Os quadrados mágicos eram conhecidos na China (de três linhas e três colunas que somam 15 conhecido como quadrado Lo Shu em 650 a.c.) assim como Egito, Índia e também entre os muçulmanos tendo sido descrito s no texto árabe Rasa il Ihkwan al Safa, ou Enciclopédia dos Irmãos Pureza escrito em Bagdá em 983. Na Europa o primeiro texto que trata dos quadrados mágicos é do grego bizantino Manuel Moschopoulos em 1300.[3] No Renascimento a tradução de escritos da cabala judaica promoveu o desenvolvimento da gematria em um movimento que começou com o espanhol Pablo de Heredia (1405-1486). Um dos mais antigos tratados cabalísticos a Sefer Yezirah (Livro da Criação) foi traduzido para o latim por Guillaume Postel em 1552 e por Johannes Pistor em 1587. [4] Entre os cabalistas o quadrado mágico de Saturno de 3x3 em que a soma de linhas e colunas é igual a 15 uma vez gravado sob uma lâmina de chumbo serve como amuleto em auxílio as parturientes e a vitória dos príncipes em suas batalhas.[5]

[1] HOGBEN, Lancelot. Las matemáticas al alcance de todos. Joaquín Gil: Buenos Aires, 1943, p. 240

[2] PAPUS, Tratado elementar de magia prática, São Paulo:Pensamento, 1978, p. 263; BELLOS, Alex. Alex no país dos números: uma viagem ao mundo maravilhoso da matemática. São Paulo:Cia das Letras, 2011, p.235; EVES, Howard. Introdução à história da matemática, Campina:Ed. Unicamp, 2004, p.318, 268

[3] ROONEY, Anne. A história da matemática, São Paulo: M. Books, 2012, p. 57

[4] SARTON, George. Six wings, men of science in the Renaissance, Bloomington: Indiana University Press, 1957, p. 74

[5] PAPUS, Tratado elementar de magia prática, São Paulo:Pensamento, 1978, p. 261



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