sábado, 5 de março de 2022

O empirismo da medicina greco romana

 

No tratado O regime que fluidifica os humores, Galeno enumera diversas ervas medicinais e suas aplicações. Em outra obra Galeno descreve as propriedades medicinais da teriaga[1], medicamento que no período medieval tornou-se um remédio universal aos moldes da pedra filosofal dos alquimistas. Este mesmo espírito empirista leva Galeno a reconhecer a eficácia dos encantamentos homéricos em especial no tratamento  de uma picada de escorpião e para retirada de espinhas presas na garganta.[2] Galeno destaca a eficácia do uso de magnetita nos encantamentos para impedir a hemorragia uterina e absorção de sangue, possivelmente porque o ímã ao atrair o ferro teria a capacidade de atrair o sangue que teria cor vermelha pela presença de ferro[3]. O médico romano Marcelo em De Medicamentis escrito no século II d.c. descreve vários encantos para remoção de espinhas de peixe da garganta.[4] Numa intrigante passagem Varro (116 – 27 a.c.) destaca as conclusões de sua experiência quanto a origem de algumas doenças: “deve-se tomar precauções ao se entrar em um pântano porém eles estão cheios de certas criaturas minúsculas que não podem ser vitas a olho nu, as quais flutuam no ar e podem entrar no corpo pela boca e nariz e provocar doenças serias”.[5]

[1] MANGOLD, Lydia Mez. Imagens da história dos medicamentos, Basileia:Hoffman La Roche, 1971, p.36

[2] COLLINS, Derek. Magia no mundo grego antigo, São Paulo: Madras, 2009, p. 159

[3] COLLINS, Derek. Magia no mundo grego antigo, São Paulo: Madras, 2009, p. 166

[4] COLLINS, Derek. Magia no mundo grego antigo, São Paulo: Madras, 2009, p. 178

[5] JAMES, Peter; THORPE, Nick. Ancient inventions. London: Random Hause, 1995, p. 9



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