Segundo David Silverman no
Egito, parece ter havido uma conexão muito estreita entre mágicos, certos
sacerdotes e até médicos, de modo que, o título daqueles que realizam a magia
Heka é o mesmo para os sacerdotes que lêem os textos funerários.[1] Frazer e Malinowski estabelecem uma dicotomia entre mágica e religião e definem
a mágica como uma atividade ameaçadora e circunscrita ao atingimento de
objetivos limitados, imediatos e pessoais, enquanto a religião envolve uma
atitude piedosa da pessoa diante de seu deus e questões relacionados ao culto
de uma divindade. Para Robert Ritner[2] o conceito de magia no Antigo Egito se distingue do conceito Ocidental onde o
termo significa qualquer atividade que busca atingir objetivos que estejam fora
das leis naturais de causa e efeito dos acontecimentos. No Egito a atividade
mágica não é vista como algo supernatural, que esteja além da natureza, mas a “quintessência de uma parte da
natureza, sendo contemporânea com a criação da ordem natural e usada pelos
deuses para manter – e não violar – aquela ordem”. Tais práticas estão diretamente relacionados
com as práticas de culto da religião de modo que as designações de textos como
mágicos e não como religiosos ou médicos pode se mostrar problemática. Para o
egípcio a mágica não é vista como um truque, ao contrário do mundo greco romano
em que os termos relativos a mágica rapidamente foram associados à fraude. O maior centro de magia no antigo Egito era a cidade de Heliópolis,
próximo ao atual Cairo, e que reunia os maiores sábios da época bem como onde
foram encontrados numerosos papiros “mágicos”.[3] Segundo o
Talmud Shabat 104b, Sanhedrin 67a judaico: “dez medidas de feitiçaria vieram
ao mundo, o Egito recebu nove medidas, e todo o resto do mundo uma”.[4] Para o antigo Egito a magia - heka
possivelmente significava em sua origem “reger
os poderes”.
[1] SILVERMAN, David. Wonders of Ancient Egypt Semana 4 Magic: Part 5
https://www.coursera.org/learn/wonders-ancient-egypt/lecture/
[2] RITNER, Robert. The mechanics of ancient magical practice. The Oriental
Institute of the University of Chicago: Illinois, 1993, p.8 https://oi.uchicago.edu/research/publications/saoc/saoc-54-mechanics-ancient-egyptian-magical-practice-fourth-printing-2008
[3] JACQ, Christian. O
mundo mágico do antigo Egito, Rio de Janeiro:Bertrand do Brasil, 2001, p.19
[4] CHEVITARESE, André Leonardo; CORNELLI, Gabriele; SELVATICI, Monica. Uma outra história de Jesus de Nazaré, São Paulo: Fapesp, 2006, p. 289
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