quinta-feira, 3 de março de 2022

A autenticidade da Vênus de Willendorf

 

Em les Eyzies foi encontrado uma placa de osso com entalhes datada de 25 mil anos e que se acredita ser um calendário lunar.[1] Em sepulturas encontradas em Grimaldi próximo de Menton foram encontradas ornamentos, braceletes e colares diversos feitos de ossos e conchas marinhas.[2] Outras imagens femininas incluem a dama de Brassempouy, a vênus de Abri Pataud na França, a vênus de Willendorf na Áustria[3] e a vênus de Dolni Vestonice encontrada em 1925 na atual República Tcheca datada de 29000 a.C. e 25000 a.C.[4] A Vênus de Brassempouy é uma miniatura em forma de busto feminino, esculpida em marfim de mamute durante o Pleistoceno, por volta de vinte e dois mil anos encontrada em 1894 na Grotte du Pape, localizada perto de Brassempouy, em Landes, no sul da França e constitui um dos exemplares mais antigos de artefatos pré-históricos contendo uma representação da face humana datado do paleolítico superior (40 mil a 20 mil a.c.)[5] em um período em que, geralmente, não apresentavam qualquer definição facial. Olga Soffer mostrou que gorros, fitas, cintos e saias eram gravados intrincadamente nas estatuetas femininas desta época, e a Vênus de Brassempouye e a Vênus de Willendorf mostram na verdade as marcas do que seria uma touca originalmente na cabeça, mas que se perdeu com o tempo[6]. A vênus de Willendorf (figura), descoberta em 1908, próxima à vila de Willendorf, na Áustria, por Johann Veran / Josef Veram, mostra um chapéu em forma de espiral que cobre sua cabeça com entrelaçado que dada a precisão como foi esculpido pode ter servido de modelo para fabricação de toucas em tamanho real, o que indica terem sido esculpidos pelos próprios artesãos, possivelmente mulheres.[7] A autenticidade da estatueta chegou a ser questionada por ser feita de material poroso chamado “oólito”, mais fácil de ser modelado, porém, que não é comum em nenhuma região da Áustria, no entanto, uma análise do interior da estátua feita por tomografia computadorizada em 2021 pelo antropólogo Gerhard Weber, da Universidade de Viena, junto de Alexander Lukeneder, Mathias Harzhauser e Walpurga Antl-Weiser do Museu Nacional de Viena confirmou a autenticidade da peça.[8] Em Malta no templo de Hagar Qim foi encontrado a representação da terra mãe ou a Grande Deusa, uma figura hoje sem cabeça feita em calcário com 48 cm de altura.[9]



[1] FAGAN, Brian. Los setenta grandes inventos y descobrimentos del mundo antiguo, Barcelona:Blume, 2005, p. 239

[2] MANDUIT, J.A. Quarenta mil anos de arte moderna. Belo Horizonte:Itatiaia, 1959, p.109

[3] WENDT, Herbert. A procura de Adão. São Paulo:Melhoramentos, 1965, p. 280; ADOVASIO, James; SOFFER, Olga; PAGE, Jake. Sexo invisível: Rio de Janeiro: Record, 2009, p. 183

[4] HOWELL, Clark. O homem pré-histórico, Rio de Janeiro:José Olympio, 1969, p.163; ADOVASIO, James; SOFFER, Olga; PAGE, Jake. Sexo invisível: Rio de Janeiro: Record, 2009, p. 183; LEAKEY, Louis. Graphic and plastic arts. In: SINGER, Charles; HOLMYARD, E. A history of technology, Oxford Clarendon Press, v.I, 1958, p. 152

[5] GRIMBERG, Carl. História Universal: a aurora da civilização, v.1, Chile:Publicações Europa, 1989, p. 23

[6] MALKOWSKI, Edward. O Egito antes dos faraós. São Paulo:Cultrix, 2010, p. 229

[7] ADOVASIO, James; SOFFER, Olga; PAGE, Jake. Sexo invisível: Rio de Janeiro: Record, 2009, p. 196

[8] https://olhardigital.com.br/2022/02/28/ciencia-e-espaco/origem-de-uma-das-mais-antigas-estatuas-feitas-pelo-homem-e-descoberta

[9] WESTWOOD, Jenifer. Lugares Misteriosos, Vol. 1, São Paulo:Ediciones del Prado, 1995, p. 60



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